Paredes da Beira Cidade do Sol Rodeada de Sete Castelos – II
OUTUBRO DE 1999
Ricardo Costa
Paredes da Beira - Vista Geral
(Continuação do último número)
A Capela dos Santos Mártires é obra e pertença da família dos Azevedos
Os restos mortais ou o esqueleto ósseo dos
dois santos mártires S. Paulo e S.
Félix que ali se encontram em redomas de vidro, foram soldados mortos em
Africa e familiares dos Azevedos.
Conta a lenda que vieram numas mulas e ao
chegarem em frente do solar pararam e dali não saíram até que aquela
lindíssima capela de granito lhe fora construída, todos aqueles rendilhados feitos com tanta perfeição tanto no interior como no exterior e na Cruz que se encontra no cimo do telhado
é uma maravilha de obra de arte Há também outra Cruz que se encontra bem
guardada e que contém 1771 relíquias dos santos. A tudo isto podemos juntar a
fé de todos os filhos desta terra e dos peregrinos que todos os anos continuam
a vir de muito longe e em grande número a
afirmar a fé nos seus Santos Mártires.
Capela dos Santos Mártires
Diz a lenda que os bois que transportaram a pedra para a construção da capela não tinham lavrador, iam e
vinham da pedreira sem guia, talvez já por milagre dos Santos Mártires.
Quanto ao Solar dos Azevedos deve a casa mais antiga de
Pareces da Beira embora já
tivesse tido alguns restauros e aumentos, que se pode constatar no interior das lojas. Havia nela uma torre de pedra, ainda
hoje se notam vestígios dessa torre e daí lhe
veio o nome de Quinta da Torre ou das Pedras e o muro que serve de proteção
à cerca e ao próprio solar, foi construído por prisioneiros. Hoje meio
destruído no seu comprimento devido à venda da cerca a um agricultor local.
Solar dos Azevedos
Na estrada via Riodades, mais propriamente no lugar
da Areite do lado poente,
encontra-se uma Anta ou Dólmen e duzentos metros à frente do lado Nascente uma outra que foi totalmente destruída e ainda
200 metros mais a sul num terreno pertencente
à Junta de Freguesia encontra-se
outra Anta ainda intacta. Há conhecimento de outras neste local, que há muitos anos foram destruídas e no
meio delas passava a Estrada Nacional Romana
que dava ligação a Coimbra e nas
fraldas da serra de Reboredo junto a
Soutelo encontram-se duas sepulturas escavadas na rocha.
Anta de Areite
No seguimento da estrada romana, no lugar dos Chãos Redadeiros, por baixo da
serra de Sampaio junto ao caminho que dá ligação
aos vários moinhos que eram movidos
com a água da Ribeira dos Galegos, encontram-se as paredes destruídas
do que foi uma grande estalagem com muitas divisões que dava apoio e guarida a
quem viajava por essa estrada romana.
Paredes da Beira foi concelho durante muitos anos, teve forais desde D. Fernando
Magno antes da Nacionalidade, confirmado por
D. Afonso Henriques em Dezembro de 1169 e por todos os reis de Portugal
até D. Manuel em 1512 e no seu concelho engloba
Riodades e Vale de Penela. Teve Paços do
Concelho, Cadeia, Forca e Pelourinho,
todos os serviços autónomos desse tempo.
Pelourinho
Falando
da Igreja Matriz, é muito antiga e muito
bonita, em especial o seu Altar-Mor, todo
em talha dourada e teto feito em quadros
pintados a óleo representando figuras
de santos célebres, obra linda, de rara
beleza e de muito valor histórico e artístico.
Diz a história que foi edificada numa mesquita
dos Mouros e foi aumentada no seu
tamanho primitivo tanto na altura como no comprimento. À volta tem o
adro da Igreja que antigamente serviu de
cemitério, e até no seu interior, depois deste último restauro ainda se podem ver as pedras das sepulturas
numeradas. Junto ao adro da Igreja encontra-se
novamente o Pelourinho que graças ao esforço
feito pela Junta de Freguesia conseguiu reunir algumas das suas peças e proceder ao seu restauro colocando-o no
seu lugar primitivo.
Igreja Matriz
Conselheiros e Pregão dois nomes de lugares
que nós conhecemos e desconhecemos o seu significado. Largo dos Conselheiros era o sítio mais propriamente na histórica casa
do Veiga num salão onde havia um antiquíssimo
Oratório (que ele há anos vendera). Era ali que se reuniam os Conselheiros desta terra e depois de terem chegado
a acordo sobre as leis discutidas, eram divulgadas ou ditadas ao povo do cimo
do Outeiro do Pregão. Da história resulta o batismo dos dois lugares.
Ali, antigamente, também se situava um castelo, nome porque é conhecido esse lugar,
e mais ao lado a Buraca da Moira que é uma mina e que segundo a lenda era onde
a Moiro guardava o seu tesouro.
Dali a escassos
metros só com uma rocha, isto é, escavada na própria rocha há a uma casa que tem a dimensão de um quarto grande e foi habitada. É digna
de se ver.
No cimo do Monte situava-se o Castelo-Mor ou da Montanha do qual se vêem vestígios
de parte da muralha.
São dignos de menção, o Cruzeiro das Alminhas, que se encontra junto à estrada num cruzamento de caminhos no lugar de S.
Eulália que é muito antigo. Há outro mais recente em Rebordinho, do lado
direito da estrada via Trevões. Neste último, ainda se notam agumas letras a
tinta, mas irreconhecíveis. Antigamente,
quando se passava a pé ou a cavalo junto dos Cruzeiros, havia o hábito
de tirar o chapéu e rezar, hábito que caiu em desuso.
Possuímos também um
Cruzeiro situado no lugar
com o mesmo nome em que se lê Cruzeiro da Independência 1743 e tem em cada um
dos seus oito degraus datas de acontecimentos da História de Portugal.
Presentemente
nesse lugar do Cruzeiro foi construído um bairro de casas modernas muito bonitas, um posto de abastecimento e um armazém de frutas.
Há no largo do Loureiro um Cruzeiro a lembrar a Restauração de Portugal e ao lado, a Casa Agrícola do Cruzeiro. Em tempos
foi uma das maiores casas agrícolas desta terra, pertencente à família Amado.
Há também no largo do Rossio, um Cruzeiro de 1940, que contém na sua inscrição
o sétimo centenário da Independência e o terceiro da Restauração.
Há
ainda mais dois cruzeiros ou cruzes em pedra, no Santo e Santa Eulália, sem qualquer inscrição.
Relógio
Dos sete castelos de Paredes, dessa valentia de outrora,
das várias vitórias e derrotas deste povo guerreiro, das fortalezas edificadas e várias vezes
arrasadas e reconstruídas, apenas restam os
seus lugares e amontoados de pedras,a
lembrar o passado destas gentes. São
eles: Castelos de Marganhos, Castelo da Fraga de Alcária, Castelo do Outeiro Alto, Castelo de Reboredo, Castelo Velho, Castelo de Chão de
Trovisco e Caselo Mor ou da Montanha Praça
de mouros. Este parece ter sido o mais importante,
servindo de vigia de toda a região devido à sua localização. Diz a lenda
que daqui se podia comunicar com vários castelos, incluindo o Castelo de
Cabriz na margem poente do rio Távora,
através de sinais, tornando-se assim a
forma mais rápida de reunir os seus guerreiros.
Os anos e a história amadureceram seus guerreiros
e fez deles gente boa e pacífica e
chegam até nós como herança, em vez de sete castelos, sete humildes
capelas que hoje podemos visitar, meditar e
orar são elas: Santa Eulália, Senhora
da Assunção, Mártir S. Sebastião,
Santos Mártires, S. Caetano, S.
Salvador e Igreja Matriz com S. Bartolomeu padroeiro de Paredes da
Beira.
Tiveram também grande importância na vida dos habitantes de Paredes da Beira as
suas fontes e lavadouros. Sendo de salientar aqui as mais antigas. Fonte da
Seara de que já falei, Fonte da Lama, Fonte
de Vale de Vila fonte e lavadouro de
Rebordinho, esta em virtude de novas explorações de água acabou por
secar Fonte e lavadouros da Curtinha e do Tanque da Igreja estas construídas em 1 900. As fontes do Santo e a fonte S.Salvador na Portela não têm qualquer inscrição. Esta última é muito antiga.
De
solares abrasonados temos o da Quinta dos Azevedos de que já se fez referencia.
Há realmente lindas casas algumas já seculares feitas em granito bem trabalhado. Merece destaque a
casa que foi da família Nunes (comerciante
que fez vida no Brasil). Outras há, embora de menor dimensão, dispersas por toda a freguesia, que
são dignas do valor arquitetónico que encerram. Merece especial referência a
casa do Clube, que devido á sua lindíssima fachada ornamenta a sala de visitas
ou asseia o Largo da Praça.
Todas estas casas, juntamente com as obras modernas do presente, fazem no seu
conjunto, a maravilha de Freguesia que é PAREDES DA BEIRA CIDADE DO SOL.
Pinturas Rupestres - Fraga d'Aia