quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Bol. 57 - A PEDRA DO CAVALO

Pedra do Cavalo
Por: Jorge Santos




Muitos de nós já ouvimos falar da Pedra do Cavalo, lá para os lados de Paradela, mas nem todos já tiveram a oportunidade de visitar este curioso afloramento granítico. Atualmente a poucos metros do limite da freguesia de Sendim, terá sido outrora ponto onde confluíam as freguesias de Sendim, Paradela e Chavães, e a ver pelas palavras de Frei Bernardo de Brito, nas suas Crónicas de Cister, um dos marcos do limite do antigo couto de S.Pedro das Águias quando se refere ao “Cabeço de Paradela”.
(...)




A Pedra do Cavalo

A ocidente da velha povoação [Paradela], a Pedra do Cavalo, com inscrições rupestres, diz estarmos em presença dum monumento megalítico, mas sem dados, por enquanto, seguros quanto à idade do monumento rupestre. Trata-se de um enorme afloramento granítico, com vaga conformação zoomórfica, que o povo assemelhou à de um cavalo gigante e, daí, conhecido por Pedra ou Penedo do cavalo, a ilustrar a pré-história local.
Refere a lenda popular que um cavalo voou daqui até poisar numa laje, na Eirinha do Pinhal, em Távora, onde — diz o povo — se vêm ainda as marcas das ferraduras.


O cavalo que voou com os Santos Mártires

A propósito da Pedra do Cavalo, quando eu era pequenita, ouvia contar que, há muito anos atrás, havia uma guerra numa terra muito longe daqui, e dois soldados morreram lá. 
Como ninguém sabia de onde eles eram, ataram-nos ao lombo de um cavalo e mandaram-nos embora, dizendo: 
— Ide, ide, p’rá vossa terra! 
O cavalo andou, andou, e ao chegar ali, onde se chama a Pedra do Cavalo, estancou. E estancou com tanta torça, que deixou lá as patas gravadas e voou, voou, voou, indo pousar com os corpos dos dois soldados em Paredes [concelho de Moimenta da Beira]. Chegaram a Paredes, apareceram então assim nomeio da povoação. O povo, ao ver aquilo, diz:
— Estes, para aparecerem aqui assim, é porque são santos! Vamos fazer-lhes aqui uma capela!
Foram então com os bois ao monte buscar pedras para fazerem a capela. Acontece que os bois, ao carregarem as pedras, levavam-nas sempre para um sítio diferente daquele que o povo queria. O povo bem os puxava para dentro da povoação, mas os bois teimavam em levar as pedras para o outro sítio. 
É onde hoje está a capela dos Santos Mártires, O povo entendeu que foi, por desígnio de Deus, onde os soldados queriam ficar.


Fonte Bibliográfica
PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro - Narrações Orais (contos, lendas, mitos) Vol. 1 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2007