TRADIÇÕES DO TEMPO DA PÁSCOA
Por: Maria Lisete Soeiro Coelho Ferreira
Apesar da Festa da Páscoa ser móvel, porque nunca calha no mesmo dia, segundo diziam os antigos
que era derivado às luas. É uma das festas mais bonita do ano para os Cristãos,
porque a Páscoa é o fundamento da fé cristã, na qual se festeja a Ressurreição de Jesus.
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DOMINGO DE RAMOS
A criançada
tinha uma tradição especial, porque “aconchavavam” com as pessoas crescidas, “engarranchavam”
o dedo mendinho de cada um dizendo: “Aconchavar,
aconchavar até dia de afolar eu rezo um Pai-Nosso e tu rezas uma Ave-Maria,
reza…” Então mandavam-se rezar uns
aos outros durante a Quaresma e só terminava Sábado Aleluia, à meia-noite. mas
o último a mandar rezar até sábado à
meia-noite é que ganhava o Folar; mas até
isso terminou!
Os rapazes mais novos entretiam-se a
jogar ao botão, ao feijão e ao pião. Os rapazes mais velhos jogavam ao pino, à
bola e à «trinca-cevada». A «trinca-cevada» era assim: em fila punham as mãos
nos joelhos e as costas levantadas; o último vinha e saltava por cima deles, um
por um, até ao cabo. Chegando ao cabo, debruçava-se como os outros... e assim
iam avançando até dar volta ao povo.
As raparigas, por sua vez, jogavam o
«panelinho». Era assim: punham-se em fila de costas umas para as outras. A da
frente atirava com o panelinho de barro para a de trás, esta tinha que o
agarrar; depois de atirar o panelo vinha para o final da fila, e era a vez da
outra atirar o panelo. E assim iam progredindo até dar volta ao povo. Mas se a
de trás se distraísse, o panelo caía ao chão e partia-se. Lá ficávamos nós com
o jogo parado. Então tínhamos duas soluções: ou terminar com o jogo por aquele
dia, ou então andarmos a pedir às "velhotas" outro panelo; tínhamos
alturas em que era um panelo para cada rua!
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IDA AO CALVÁRIO
E assim, o compasso iniciava a sua visita de casa
em casa, aos ricos e aos pobres, aos doentes e aos velhinhos, levando uma
palavra de amor, de conforto, de carinho e de amizade. Lá iam petiscando
qualquer coisa de cada mesa onde entravam. Quando passavam para Aldeia, parava
o sino da Igreja de Sendim e começava a repicar o sino da Capela de S. Miguel
de Paço, e só deixavam de tocar quando terminava a Visita Pascal, que era
sempre muito tarde, já noite.
As últimas casas já recebiam essa equipa à luz do candeeiro de
petróleo, mas ninguém reclamava, pelo contrário, toda a gente estava feliz por
receber em sua casa a visita de Jesus Cristo. À Sua entrada toda a
gente cantava o hino de alegria, que era Aleluia!…Aleluia!…Aleluia!…
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DOMINGO DE PÁSCOA