domingo, 16 de março de 2014

A Propósito da Carta Arqueológica e se criássemos uma Reserva Natural? - boletins antigos - nº 4 - ano 2000

A PROPÓSITO DA CARTA ARQUEOLÓGICA E SE CRIÁSSEMOS UMA RESERVA NATURAL?

A Comissão Instaladora da ARTT


     Seria necessário que todas os habi­tantes de Sendim reconhecessem o valor histórico da nossa Terra, pois este cons­tituiria um dos motivos para que ela fosse um importante polo turístico destas Terras Durienses.
     Recentemente, em Dezembro de 1999, assistiu-se ao lançamento da Carta Ar­queológica do concelho de Tabuaço no Posto de Turismo desta vila. Cabe escla­recer o que é realmente uma carta arqueo­lógica. Ela não é mais do que um livro que reúne todos os pontos de interesse histórico-arqueológico de um concelho, região ou país. Arqueológico porque sâo testemunhos deixados pelo homem de períodos que vêm desde a pré-história -período este que remonta a tempos muito anteriores ao Nascimento de Cristo.
     Como demonstra esta obra, as terras de Sendim foram povoadas desde tempos imemoriais - à cerca de 4 500 anos.
     Inumeram-se aqui os sítios a visitar consoante vêm descritos na obra "Tabuaço Um Passado Presente”: Cabeço de S. Joào - povoado do Calcolítico/Idade do Bronze; Monte Verde do mesmo período; Quinta dos Pinheiros em Cabriz, povoado do Bronze final; Vale de Igreja, villa romana em Guedieiros; Fontelo, vicus romano em Vale de Sendim, onde encontraram uma moeda romana, do Baixo Império (séc. III/V); Altar de S. João, templete romano, em Sendim; Pala, villa romana, em Guedieiros; Estercada Velha, casal romano, em Guedieiros; Sra, Do Bom Despacho, casal romano; Caminho de Sto Ovídio, Via Romana; Lagares Romano / Medievais (Fontelo, Quinta de S. Martinho, Vale de Vila, Arames e Lampaz); e sepulturas Medievais (Baganhos, Vale de Vila. Igreja de Sendim, Quinta de S. Martinho).
     Além da publicação referida outros documentos escritos existem dando conta do valor histórico de Sendim. Da consulta feita à Enciclopédia Portuguesa e Brasi­eira depara-se com o sítio do Cristêlo, pe­queno castro que ali existiu, local conhe­cido pelo Monte do Facho, pequeno refú­gio das populações pré-históricas que deambulavam pelas vertentes do rio Tâvora.
Igreja e Cabeço de S. João - SENDIM

Via Romana - SENDIM

     A ARTT congratula-se com a obra Ta­buaço Um Passado Presente editada pela Câmara Municipal. Este acto veio dar um grande contributo para a inventariação do nosso património histórico, referente à época pré-histórica e medieval. Foram feitas descobertas muito importantes e desfeitas dúvidas quanto à cronologia de muitos elementos arqueológicos. Referi­mo-nos em padicular à estrada romana que passa em Sendim, a qual, poderia ter sido destruída ou transformada num caminho de terra batida para em pouco tempo se tornar inevitavelmente um rego de água intransitável.
     Este estudo revela-nos como é pre­ferível em caso de dúvida aguardar, estu­dar e verificar em primeiro lugar o verda­deiro valor das coisas, valor histórico, estético, social e cultural. A nossa igno­rância não justifica a destruição do passa­do. Se esta estrada um dia desaparecer, ficaremos mais pobres e deixaremos de ter uma prova real da idade da Nossa Terra. É inevitável para a definição de qualquer Homem a referência: “de onde sou” que se define com “o que ali existe”. Isto faz-nos pensar; as nossas obras são o espelho de nós mesmos e ao apagá-las estamos a desaparecer como elas.
     Mas, o nosso Patrinónio não se resu­me apenas a estas épocas, há muito mais história para inventariar e defender. Inúmeras casas do século XVII e XVIII existem com todas as características do seu tempo. Facilmente encontramos ao percorrermos as nossas terras inúmeros conjuntos de construções populares, revelando-nos toda o espírito social, técnico, económico e estético.
     Há que ir ao encontro desses valores ignorados porque o desenvolvimento só se explica sustentado por eles... Não tenhamos ilusão, é o turismo, a agricultura de mercado e nós mesmos que teremos que investir. A segurança desse inves­timento é feita através da nossa imagem tradicional, do nosso ambiente, da paisa­gem dos nossos lugares, que em si são um prémio da natureza. E, é através da sua espiritualidade, das suas regras, da sua atracção que arrastaremos os outros. que virão humanizar os nossos lugares e consumir os nossos produtos esquecidas no interior do País.
     Esta reflexão mostra-nos que a obra publicada foi apenas mais um passo. Há que planificar o desenvolvimento para termos um rumo certo e seguro; lançamos por isso a ideia de criarmos no vale do Tedo e do Távora uma RESERVA NATURAL, como forma de preservação das espécies. da vegetação, dos rios e da paisagem e como factor de atracção do turismo ambiental. É fundamental e urgente, para a Região Tedo Távora. a mancha verde no mapa de Portugal indicando a nossa região. Quando o Douro é um factor de atracção, serão estas reservas que poderão juntamente com o Património Histórico atrair os turistas cá para cima...

A Comissão Instaladora da ARTT
Vale do Tedo - GRANJA DO TEDO

Vale do Távora

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