domingo, 21 de janeiro de 2018

DESPEDIDA DO SENHOR PADRE LUIS ANTÓNIO (Bol. 69)

           DESPEDIDA DO SENHOR PADRE LUÍS ANTÓNIO
Por: Maria Lisete Soeiro Coelho Ferreira

 (texto na íntegra)
No passado dia 3 de Setembro, o Senhor Padre Luís António celebrou a última Eucaristia Dominical, na nossa Igreja Matriz de Sendim.
 Foi muito triste e emocionante a sua despedida, muita gente chorou e eu fui uma delas, porque foi uma decisão muito repentina, que ninguém estava à espera.
 Foi uma missa muito longa, porque também foram longos os seus agradecimentos. Agradeceu a todos os paroquianos o carinho que lhe deram nestes 9 anos que foi Sacerdote na nossa Paróquia. Agradeceu a todos os que trabalharam com ele durante este tempo. Ao Conselho Económico, catequistas, zeladores, leitores, grupo coral, grupo de jovens “Chama de Esperança”, etc.
Todos os paroquianos tiveram pena dele, porque era um bom Sacerdote, sempre com o sorriso nos lábios e amigo de toda a gente, em especial com as criancinhas, com os idosos, com o grupo de jovens que ele criou, e a todos os outros em geral.
 Eu sempre tive muito carinho por ele, porque o conheci ainda era um adolescente, quando andava a estudar no Seminário de Resende com o meu Marco. Depois vinha cá todos os anos na Visita Pascal enquanto seminarista, ajudar o Senhor Padre Dinis, que já se encontrava muito débil e cansado derivado à sua saúde e idade.
Mais tarde, em Outubro de 2008, o Senhor Padre Luís António, vindo já de Ranhados, assumiu a Paróquia de Sendim. Nesse dia os Sendinenses fizeram uma grande festa à sua chegada, foi um dia de alegria e nunca imaginaram que ele nos deixasse tão rápido .
Mas neste momento de despedida, todos nós Sendinenses estamos muito tristes e vamos ter muitas saudades. Eu senti que ele também estava muito emocionado. Frisou bem que ia embora por decisão própria, que ninguém o expulsou, nem ia zangado com ninguém, mesmo o Senhor Bispo lhe disse que nunca teve queixa alguma contra ele. Essas palavras deixaram-nos orgulhosos, visto ele não ter que dizer nada de mal de nenhum paroquiano.
Podia elogia-lo mais, porque ele era digno disso, mas as palavras leva-as o vento e o que nos resta de melhor dele, é que ficou para sempre dentro dos nossos corações.
 Agradeço-lhe de um modo particular, todo o carinho que me dedicou sempre, a mim e à minha família, marido e filhos.
  Desejo-lhe muita saúde e felicidades. Seja qual for o caminho que escolheu, que Deus o abençoe e o acompanhe sempre na sua caminhada da vida. Como lhe disse na despedida, as palavras que o Senhor Vice-Reitor deu ao meu Marco: “Vale mais ser um bom Cristão do que um mau Padre”.
Até aqui foi sempre bom padre, mas não se sabe o que viria acontecer no futuro e o futuro a Deus pertence, por isso Deus o encaminhe para o bom caminho.

Obrigada Senhor Padre Luís António, por estes 9 anos maravilhosos que foi nosso Pároco.

HOMENAGEM AOS EX- COMBATENTES DA GUERRA COLONIAL FILHOS DE SENDIM (Bol. 69)

INAUGURAÇÃO DE UMA LÁPIDE EM HOMENAGEM AOS
EX- COMBATENTES DA  GUERRA COLONIAL FILHOS DE SENDIM
Pelo EX-COMBATENTE José Alberto Rodrigues Parente



Realizou-se no passado dia 15 de Agosto do ano de 2017, uma simbólica homenagem e inauguração de uma lápide aos ex-combatentes e mortos na Guerra do Ultramar da Freguesia de Sendim.
De facto, a falta desta homenagem, era uma lacuna que merecia ser preenchida quer a nível histórico, quer a nível familiar e até a nível pessoal de todos os Sendinenses. Escusado será dizer que o envolvimento nesta guerra injusta teve sempre o enquadramento  no serviço militar obrigatório. 

É de salientar que estes ex-militares desta Vila de Sendim, tiveram sempre um comportamento exemplar dando o corpo e a alma pela sua Pátria, pela sua Nação e pelo seu País.
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A TRADIÇÃO DO S. MARTINHO (Bol. 69)

A TRADIÇÃO DO S. MARTINHO
                                   E OS MAGUSTOS DA MINHA INFÂNCIA
Por: Maria Lisete Soeiro Coelho Ferreira




Como estamos em época das castanhas e do São Martinho, vou descrever aos nossos jovens leitores, porque os mais idosos sabem tanto como eu, um pouco de como antigamente se festejava o S. Martinho e se faziam os magustos nesse dia.

Tenho a certeza que a maior parte dos jovens de hoje, nem conhecem a árvore que dá as castanhas, nem sabem como se chama. Mas vale apena conhecê-la, porque é uma árvore que dura muitos anos, que ultrapassa séculos, chama-se Castanheiro. Essa árvore de grande dimensão e que servia para a construção das nossas casas, devido à sua dureza e com a sua madeira, ainda hoje  fazem lindas mobílias. Havia castanheiros altos e grossos, talvez centenários, que faziam parte da paisagem, por isso, os magustos fazem parte das tradições da nossa terra. Chamavam de Soitos, onde houvesse muitos castanheiros plantados e abrangiam grandes regiões do Norte. Essa árvore de folha caduca, como tantas outras começa em Abril a despontar e como as suas folhas vem logo a seguir, as flores não tardam a aparecer, assim como os pequenos ouriços, embora pequeninos mas já agressivos, para logo no Outono mostrarem o seu sorriso e deixarem cair os seus frutos, de meados de Outubro a princípios de Novembro, que são as deliciosas castanhas, bem apetecidas nesta época, assadas ou cozidas.
(...)


        Ainda recordo os primeiros magustos a que eu assisti, foram os magustos na minha escola e os da minha adolescência e nunca os vou esquecer!
Para se fazer o magusto na escola cada criança levava um bocadinho de castanhas, que os pais lhes davam e quem as não tinha, os pais compravam-nas e outros levavam caruma, ou palha, para as assar. Eram feitos no pátio da escola.  Era uma grande festa que fazíamos, com aquela garotada toda, porque havia muita canalhada, só na minha sala eramos 40 alunos! Era uma algazarra que fazíamos, porque era muito grande a alegria que reinava naquele pátio de recreio… cantávamos  cantigas alusivas ao S. Martinho, era um  delírio total. Enquanto os professores as assavam, nós jogávamos às escondidas, dançávamos à roda, jogávamos a “patelinha”, íamos às castanhas cruas, que estavam ainda no saco, para o nosso magusto e rilhávamo-las cruas, apesar de que custavam a descascar e as pessoas adultas remocavam connosco, diziam que comendo castanhas cruas criávamos piolhos na cabeça, mas nós não queríamos saber, dizíamos que era mentira.
         A partir daí, depois das castanhas estarem assadas, íamos comê-las com um apetite devorador, junto dos Professores e do Senhor Padre Dinis, que assistia sempre ao magusto, visto a casa dele ser em frente à escola. Empregadas naquele tempo não havia, éramos nós as crianças que varríamos as salas e limpávamos o pó. 
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