domingo, 21 de janeiro de 2018

A TRADIÇÃO DO S. MARTINHO (Bol. 69)

A TRADIÇÃO DO S. MARTINHO
                                   E OS MAGUSTOS DA MINHA INFÂNCIA
Por: Maria Lisete Soeiro Coelho Ferreira




Como estamos em época das castanhas e do São Martinho, vou descrever aos nossos jovens leitores, porque os mais idosos sabem tanto como eu, um pouco de como antigamente se festejava o S. Martinho e se faziam os magustos nesse dia.

Tenho a certeza que a maior parte dos jovens de hoje, nem conhecem a árvore que dá as castanhas, nem sabem como se chama. Mas vale apena conhecê-la, porque é uma árvore que dura muitos anos, que ultrapassa séculos, chama-se Castanheiro. Essa árvore de grande dimensão e que servia para a construção das nossas casas, devido à sua dureza e com a sua madeira, ainda hoje  fazem lindas mobílias. Havia castanheiros altos e grossos, talvez centenários, que faziam parte da paisagem, por isso, os magustos fazem parte das tradições da nossa terra. Chamavam de Soitos, onde houvesse muitos castanheiros plantados e abrangiam grandes regiões do Norte. Essa árvore de folha caduca, como tantas outras começa em Abril a despontar e como as suas folhas vem logo a seguir, as flores não tardam a aparecer, assim como os pequenos ouriços, embora pequeninos mas já agressivos, para logo no Outono mostrarem o seu sorriso e deixarem cair os seus frutos, de meados de Outubro a princípios de Novembro, que são as deliciosas castanhas, bem apetecidas nesta época, assadas ou cozidas.
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        Ainda recordo os primeiros magustos a que eu assisti, foram os magustos na minha escola e os da minha adolescência e nunca os vou esquecer!
Para se fazer o magusto na escola cada criança levava um bocadinho de castanhas, que os pais lhes davam e quem as não tinha, os pais compravam-nas e outros levavam caruma, ou palha, para as assar. Eram feitos no pátio da escola.  Era uma grande festa que fazíamos, com aquela garotada toda, porque havia muita canalhada, só na minha sala eramos 40 alunos! Era uma algazarra que fazíamos, porque era muito grande a alegria que reinava naquele pátio de recreio… cantávamos  cantigas alusivas ao S. Martinho, era um  delírio total. Enquanto os professores as assavam, nós jogávamos às escondidas, dançávamos à roda, jogávamos a “patelinha”, íamos às castanhas cruas, que estavam ainda no saco, para o nosso magusto e rilhávamo-las cruas, apesar de que custavam a descascar e as pessoas adultas remocavam connosco, diziam que comendo castanhas cruas criávamos piolhos na cabeça, mas nós não queríamos saber, dizíamos que era mentira.
         A partir daí, depois das castanhas estarem assadas, íamos comê-las com um apetite devorador, junto dos Professores e do Senhor Padre Dinis, que assistia sempre ao magusto, visto a casa dele ser em frente à escola. Empregadas naquele tempo não havia, éramos nós as crianças que varríamos as salas e limpávamos o pó. 
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