A TRADIÇÃO DO S.
MARTINHO
E OS
MAGUSTOS DA MINHA INFÂNCIA
Por:
Maria
Lisete Soeiro Coelho Ferreira
Como estamos em época das castanhas e do
São Martinho, vou descrever aos nossos jovens leitores, porque os mais idosos
sabem tanto como eu, um pouco de como antigamente se festejava o S. Martinho e
se faziam os magustos nesse dia.
Tenho a certeza que a maior parte dos
jovens de hoje, nem conhecem a árvore que dá as castanhas, nem sabem como se
chama. Mas vale apena conhecê-la, porque é uma árvore que dura muitos anos, que
ultrapassa séculos, chama-se Castanheiro. Essa árvore de grande dimensão e que
servia para a construção das nossas casas, devido à sua dureza e com a sua
madeira, ainda hoje fazem lindas
mobílias. Havia castanheiros altos e grossos, talvez centenários, que faziam
parte da paisagem, por isso, os magustos fazem parte das tradições da nossa
terra. Chamavam de Soitos, onde houvesse muitos castanheiros plantados e
abrangiam grandes regiões do Norte. Essa árvore de folha caduca, como tantas
outras começa em Abril a despontar e como as suas folhas vem logo a seguir, as
flores não tardam a aparecer, assim como os pequenos ouriços, embora pequeninos
mas já agressivos, para logo no Outono mostrarem o seu sorriso e deixarem cair
os seus frutos, de meados de Outubro a princípios de Novembro, que são as
deliciosas castanhas, bem apetecidas nesta época, assadas ou cozidas.
(...)
Ainda
recordo os primeiros magustos a que eu assisti, foram os magustos na minha
escola e os da minha adolescência e nunca os vou esquecer!
Para se fazer o magusto na escola cada
criança levava um bocadinho de castanhas, que os pais lhes davam e quem as não
tinha, os pais compravam-nas e outros levavam caruma, ou palha, para as assar. Eram
feitos no pátio da escola. Era uma
grande festa que fazíamos, com aquela garotada toda, porque havia muita
canalhada, só na minha sala eramos 40 alunos! Era uma algazarra que fazíamos,
porque era muito grande a alegria que reinava naquele pátio de recreio… cantávamos cantigas alusivas ao S. Martinho, era um delírio total. Enquanto os professores as
assavam, nós jogávamos às escondidas, dançávamos à roda, jogávamos a “patelinha”,
íamos às castanhas cruas, que estavam ainda no saco, para o nosso magusto e
rilhávamo-las cruas, apesar de que custavam a descascar e as pessoas adultas
remocavam connosco, diziam que comendo castanhas cruas criávamos piolhos na
cabeça, mas nós não queríamos saber, dizíamos que era mentira.
A
partir daí, depois das castanhas estarem assadas, íamos comê-las com um apetite
devorador, junto dos Professores e do Senhor Padre Dinis, que assistia sempre
ao magusto, visto a casa dele ser em frente à escola. Empregadas naquele tempo
não havia, éramos nós as crianças que varríamos as salas e limpávamos o pó.
(...)
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