quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Bol 49 - Um Dia Feliz

Um dia Feliz


Era uma linda manhã de Primavera. O Sol estava ameno e radioso. Os passarinhos cantavam alegremente no interior da mata verdejante, como que a saudar o esplendor da Natureza. Uma criança de seis anos, além da natureza em redor, também observava seus pais que um pouco distantes, trabalhavam a terra. A criança sentia-se feliz e segura com a presença do pai, que tinha acabado de chegar de Lisboa, para onde se ausentava por longos períodos para tentar governar a vida. Quando regressava a Sendim, de onde era natural, voltava com bastantes saudades, tanto da família como da terra que o vira nascer.
Naquele dia talvez por causa do seu regresso, sua mãe comprara um pão de sêmea, fofo e alvo, coisa essa a que o menino não estava habituado, porque no seu dia a dia, apenas comia pão duro de centeio e por vezes bolorento e até ratado dos ratos. A pequena fatia de pão, que sua mãe lhe dera, para ele era como se fosse a maior guloseima!
Quando chegou a hora do almoço, sua mãe dispôs uma toalha sob a sombra de um pinheiro e almoçaram, arroz de grão com o dito pão a acompanhar.
O menino não comeu logo o seu pão, guardando-o no bolso das suas calças remendadas, para que durasse mais tempo e assim o fosse saboreando, quando sentisse fome.
Enquanto seus pais dormiam a sesta, o menino entretinha-se a brincar com as formigas que passavam num carreiro e observava como elas eram laboriosas. Do seu bolso retirou umas migalhas de pão que distribuiu pelos pequenos bichos e que logo as carregaram para o seu celeiro.
Entretanto seus pais voltaram ao trabalho. O menino, depois de se fartar de brincar com as formigas, deslocou-se até uma pequena nascente de água, com uma pequena represa que servia para o regadio. Naquele momento a represa estava vazia e numa parte mais seca encontrava-se um ninho, caído de uma das silvas, com quatro pequenos passarinhos que em desespero chilreavam.
O menino logo se aprontou em socorrer o ninho, pois sabia que se não o fizesse, ao subir a água morreriam afogados. Sorrateiramente levou o ninho para a sombra de um pinheiro e foi alimentando os passarinhos com migalhas de pão. Por fim adormeceu feliz por ter os passarinhos junto de si; e não sabe quantas horas dormiu… Quando acordou, sua mãe estava junto a si, mas o ninho desaparecera! Tristemente perguntou à mãe pelos passarinhos, mas sua mãe apenas lhe respondeu que uma cobra os tinha comido. Algo dizia ao menino que isso não era verdade, que fora sua mãe que o retirara enquanto ele dormia, atirando com o dito ninho ao abandono.
A felicidade daquele menino, naquele momento se desvaneceu, o sol parecia ter perdido o seu brilho, as aves do campo calaram-se e duas lágrimas pela sua face rolaram.


Nelson Almeida Cravo

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