sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Bol. Antigos - nº 2 - A TERRA ONDE NASCI - Julho 1999

A TERRA ONDE NASCI


Dois elementos da A.R.T.T. tiveram a gentileza de me contactar convidando‑ me a escrever algo sobre a minha terra natal (Aldeia de Sendim). Devo dizer que foi com muito gosto que recebi o seu amável convite e desde logo lhes manifestei a minha inteira disponibilidade, embora eu não consiga nem possa expressar por palavras o que me vai na alma a respeito da terra que me viu nascer e crescer, que me criou como só uma verdadeira mãe extremosa cria o seu filho amado oferecendo-me todo o seu amor maternal, que sempre me protegeu como aliás protegeu e continua a proteger todos os seus filhos presentes e ausentes, ainda que longe do seu seio, eles continuam a sentir o calor do seu coração.
Foi nessa terra abençoada de Santa Maria que vivi inolvidáveis anos da minha juventude, e é com profunda saudade que ainda hoje recordo alguns momentos que só a morte poderá apagar da minha memória, ao debruçar‑me sobre o passado de olhos fitos no abstrato, meu pensamento tropeça a cada tope em tão gratas recordações que me levam a citar o grande poeta português (Luís de Camões), enquanto houver no mundo Saudade... Quero que seja sempre celebrada.
E depois de abrir minha alma de par em par e dar voz ao sentimento, que mais poderei eu dizer da deusa que todos os dias contemplo pela manhã, alegre, sorridente e descontraída no escarpado da serra espreguiçando-se nos seus braços. Quando a olho fico deslumbrado com o seu encanto, mas sinto uma angústia tão grande no meu peito que quase me sufoca, ao lembrar‑me que o berço que me embalou ao nascer, não será certamente aquele que me embalará quando chegar a minha hora de adormecer.
E para finalizar, só me resta dizer-lhe: Bem haja ó Terra Mãe por me dares a honra de ser vosso filho.





NOSTALGIA

Apaga-se a luz dos olhos meus, é quase noite
O verde sonho que embalei já se adormece
Quem porventura mo diria se soubesse
Um refúgio aonde minha dor se acoite
Nefasta dor que a angústia torna dolorosa
Quando do leito de enferma chaga se levanta
Enquanto a voz se me soltar da garganta
Hei-de cantar-te á minha Terra, á Mãe ditosa
No teu regaço depus a flor da mocidade
Com minh'alma a sangrar de mágoa cheia
Aos teus pés jurei amar-te eternamente

No meu peito ficou prostrada a saudade
Lembrando o tempo que vivi na minha Aldeia
E que o destino encurtou tão cruelmente.

99/04/06
Ilídio Coelho









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