PAREDES DA BEIRA
Cidade do Sol rodeada de Sete Castelos
(artigo do ano de 1999)
CIDADE DO SOL nome que lhe vem dos mais remotos tempos, baptizada com o nome de PAREDES DA BEIRA por FERNANDO
MAGNO no ano de 1.037. Segundo a história já nesse tempo rei de Leão só viu à
sua volta paredes e ruínas das lutas que tinha havido e daí lhe vem o nome de
Paredes da Beira, embora se encontre no limite do Douro, refiro-me ao solo que
define essa fronteira entre o granito da serra e o xisto do Douro. Parede está
com um pé no Douro e outro na Serra. Os habitantes de Paredes vivem praticamente
da agricultura, temos um pouco de tudo: maçãs, vinho, azeite, batatas,
castanhas, cereais, etc.E se não fossem os incêndios a maior fonte de
rendimento seriam as matas, os pinhais e a extração de resinas que dava
trabalho a muita gente.
Ainda existem algumas indústrias artesanais como: sapateiros, alfaites, serralheiros e cesteiros.
Voltando à história «A Cidade do Sol segundo a lenda situava-se no lugar de Vale de Vila, Tintureira e
Moitas, lugares que ainda hoje são conhecidos por esses nomes.
Encontram-se com facilidade vestígios destes lugares terem sido habitados. Tintureira era onde os mouros
tingiam suas roupas, existem nesse local pias enormes escavadas na rocha para
esse efeito.
Diz a história que a cidade foi mudada para onde hoje se encontra situada Paredes por causa das formigas e
talvez da pouca higiene que tinham com as crianças , isso atraía as formigas e
estas comiam os bebés nos berços.
Paredes da Beira foi conquistada aos Mouros por D. Tedon e D. Rauzendo, cavaleiros cristãos que eram irmãos descendentes
do Rei de Leão e ascendentes dos Távoras, já tinham expulsado os Mouros do
reino de Lamego, Resende, Granja do Tedo, etc, nomes que descendem
dos seus conquistadores.
Tiveram o apelido de
Távoras quando da conquista de Paredes, pela bravura como se bateram
contra os mouros na batalha do Vale dos Mil. Segundo relatos mataram mais de
mil mouros que até as águas do rio Távora ficaram vermelhas de tanto sangue
derramado. Os Cristãos sabiam que era hábito dos mouros irem banhar-se ao rio na
manhã de S. João e deitarem-se no linho, então apanharam-nos de
surpresa.
Os castelos de Paredes só
tinham as sentinelas e alguns conseguiram fugir e avisar os que estavam no
rio e aí a batalha foi dura, se não fosse D. Tedon vir de Paredes com alguns
portugueses em auxílio de seu irmão junto ao rio Távora não teriam vencido os
mouros. Diz a história que os portugueses mesmo a cavalo, a nado, no meio do
rio fazia nos inimigos horrorosa carnificina. D. Tedon passou o rio e unido a
seu irmão derrotou e pôs em fuga os mouros. Desta vitória tomaram os dois por
apelido Távora e por armas um golfinho sobre as ondas e estas armas usaram seus
descendentes até à extinção desta nobre família em 1759.
Segundo estudos feitos pelo
Dr: Vitor Jorge e sua equipa de arqueólogos na Fraga d'Aia no abrigo
de pinturas rupestres, ali descoberto em 1988, esta região já era habitada 2500
anos A.C.
Devia ter sido na Fraga d’Aia,
Castelo Velho e Castelinhos, junto ao rio Távora que os primeiros humanos
ali habitaram e deixaram suas marcas pintadas nas rochas, assim como alguns
utensílios em barro e até a própria essência da tinta que os arqueólogos, nas
suas pesquisas, conseguiram encontrar. Concerteza que haverá ali à volta muito mais
para averiguar e estudar como foi ou teria sido a vida dos primeiros humanos
que ali viveram.
Possuímos também um Berrão ou Porco de Pedra que foi
encontrado no lugar do Tanque da Seara onde se encontra uma
fonte muito antiga.
O Porco tem uma inscrição em ebraico que a sua
tradução seria (Dos Ambrões) não se sabe ao certo mas dizem que foi um povo que
no passado aqui viveu, outros dizem que tem ligação com a Porca de Murça apenas
sabemos que deve ser dos monumentos mais antigos que esta terra possui.
Por aqui passaram vários
povos com hábitos e costumes diferentes e cada um nos
deixou um pouco deles próprios.
Encontram-se à volta de
Paredes vestígios e ruínas dos sete castelos, castros ou
fortalezas. Apenas há um que dizem ser solarengo, quase todos foram arrasados nas
lutas entre cristãos e infiéis.
Diz a lenda que havia no Castelo Velho um Alcaide mouro que tinha por tradição
receber todos os anos como tributo uma donzela que seria escolhida à
sorte no povoado. Naquele ano coube a sorte à irmã de um rapaz ascendente da
quinta dos Azevedos e descendente dos conquistadores de Paredes. Vestiu-se
disfarçado de mulher e entrou no castelo e com um punhal que levara degolou o
alcaide mouro e assim acabou com o macabro tributo e com o domínio Mauretano nesta
vila e redondezas. Dizem que há documentos na Torre do Tombo em Lisboa que
atestam este facto.
Ainda hoje se encontram
guardadas no solar dos Azevedos as três chaves originais em
ferro tomadas aos mouros pelos irmãos D. Tedon e D. Rauzendo, as ditas chaves
já estiveram numa exposição na Bélgica.
Encontra-se também num muro
por detrás do solar junto ao acipreste, o primeiro brasão da
família Azevedos, dizem que o facto de se encontrar quase abandonado no dito muro,
foi um fidalgo que casou com a herdeira do brasão e como ele era vaidoso retirou
o brasão da esposa e colocou o dele. Há ainda a versão de o brasão ter
vestígios dos Távoras e daí ter sido retirado.
Diz também a lenda que o
valor e respeito da família daquele solar era tanto, que se alguém
tivesse cometido algum delito bastaria tocar no batente do portão, que tem a forma
de um cão em ferro, para que esse indivíduo ficasse à guarda e responsabilidade
dessa família e já ninguém lhe tocava.
(Continua
no próximo número)
Capela dos Santos Mártires
Praça Central
Anta de Areita
Vista geral
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