1º Percurso Pedestre ARTT
Partimos de autocarro com destino a Paredes da Beira. Na viagem houve a oportunidade para observar Sendim e a sua serra, que constitui uma paisagem muito bonita e ainda ver o Dólmen
de Paredes da Beira.
Chegados a Paredes da Beira "pusemos pernas ao caminho" atravessando a aldeia e depois descendo a encosta
em direcção ao rio Távora.
O guia da
caminhada, o Sr. Antoninho
Tojal, um jovem de 71 anos, não só indicava o
caminho, como à medida que se ia
caminhando, falava sobre histórias e acontecimentos sucedidos por aqueles lugares. A meio da encosta até citou uma pequena quadra, que segundo o Sr.Tojal, um dia leu e recita quando anda pelos campos: "Oh! pedras dai-me ternura; Oh! árvores
agasalhai-me; Oh! fontes dai-me frescura;
Leves aragens levai-me!"
Por volta das 11.30h chegamos a um lugar onde foram descobertas por arqueólogos, pinturas rupestres num
grande rochedo e que segundo os especialistas datam de 4000 A.C. Vistas as pinturas rumamos em direcção à Quinta do
Vale da Mãe. Ali abundam sobreiros e numa
pausa para recuperação de forças e
reagrupamento, houve a oportunidade
para ficarmos a saber algumas
curiosidades,
como por exemplo: "naquele lugar em tempos produzia-se 4000 arrobas de cortiça, a
qual era transportada à cabeça
por mulheres, até ao alto de Cabriz;
que um sobreiro vive
cerca de 300 a 400 anos; que a cortiça
é extraída do sobreiro de 9 em 9 anos; que cada cm3 de cortiça tem cerca de 300 células hermeticamente fechadas entre si".
Enriquecida
a nossa cultura geral e retemperadas as
forças, continuamos a caminhada. O
rio já se vê lá ao fundo, o terreno torna-se mais inclinado e acidentado,
a paisagem é magnífica!
Chegados ao rio, são 12.30h e depois da travessia,
houve novamente uma
pausa que o Sr.Tojal aproveitou para dizer e citamos: "neste lugar do rio, existe ali o poço da varrela, onde antigamente se lavavam os colchões das camas uma vez por ano, aquando da muda da palha e ali o poço dos cesteiros, onde em tempos os artesãos colocavam a madeira
a demolhar".
Seguiu-se uma intervenção de um biólogo que acompanhava o grupo, sobre a fauna e
a flora daquele local. Referiu
que em termos de flora, o que ali
existiu inicialmente foi
um bosque mediterrâneo, constituído
por sobreiros e azinheiras, dos quais ainda restam sobreiros. Contudo esse bosque foi alterado no Sec.XVll, XVIII, com a introdução do
pinheiro. Em termos de fauna, houve em
tempos veados e lobos, no rio além do barbo e da truta vivem ainda em alguns locais junto das
suas margens, lontras. Curiosamente na
altura que se realizou esta pausa,
houve a oportunidade de observar um casal de abutres brancos, também
conhecidos por
abutres do Egipto, que residem nos
rochedos altos junto do rio.
O Sr.Tojal disse que se trata de um casal de aves ali introduzidas por uma equipa de biólogos, que estão a estudar a sua adaptação e desenvolvimento no local, integrado num projecto de povoamento de algumas espécies, outrora existentes no Vale do Douro. |
Por José João Patrício
(Julho de 1999)
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