Que é feito de nós
"Desloco-me
a Sendim 6 a 7 vezes por ano" - Manuel Joaquim de Matos
O Sr. Manuel Joaquim Matos tem uma história comum à grande parte dos
Sendinenses, muito cedo percebeu que o melhor seria abandonar a sua terra para
noutro sítio organizar vida, constituir família e abrir os horizontes do seu futuro. Assim trocou o dia a dia da pacata Sendim
pela agitada e cosmopolitana Lisboa.
Hoje em dia tem um estável emprego de bancário
num dos bancos do Grupo Chamaplimaud, o
Banco Totta & Açores. Pessoa respeitada e querida dos seus colegas,
calcorreia os pisos e corredores do edifício da Miguel Bombarda e outros por essa Lisboa, na entrega de documentos
tão importantes no dia a dia daquelas
instituições. Trabalho que faz com reconhecida competência, mantendo um
excelente ambiente com todos os quadros superiores e não superiores do Banco
Pinto e Sotto Mayor, Banco Totta & Açores e Crédito Predial Português.
Sempre que pode desloca-se a Escurquela, a terra da sua esposa, onde tem
uma casa. Aí recarrega baterias para de
novo fazer frente à agitada vida citadina. O facto de já não ter família
em Sendim, não o impede de aí regressar sempre que a Escurquela se desloca, assim sendo, não perde a oportunidade de se
por ao corrente de tudo o que pela nossa terra se passa.
Quando em Lisboa, nos fins de semana
gosta de se deslocar às feiras do Relógio e das Galinheiras, não desperdiçando
a oportunidade de encontrar alguns dos nossos conterrâneos, com os quais da
nossa terra sempre fala.
Ao Boletim dos Amigos da Região Tedo-Távora
sempre diz - "Ponham lá umas notícias
caseiras, que é isso que o pessoal que está longe gosta, saber notícias lá da terra". Desde o primeiro número do Boletim que se tornou um
incondicional, desencadeando logo por sua conta uma campanha
de angariação de sócios.
Pai de dois filhos, o Manuel Domingos e o Ricardo Miguel, aguarda os
dias da reforma para quem sabe um dia voltar, talvez de
vez ...
CARREIRA PROFISSIONAL
Fez a 4 classe em Junho de 1952.
A patir dessa
altura começou a trabalhar nas vindimas, ganhar o 6° dia ao preço das mulheres.
Manteve-se
nos trabalhos agrícolas até aos 16 anos.
Após os 16
anos foi trabalhar para a Padaria, com o que viria a ser o seu padrinho de
casamento, o Sr. Fernando Teixeira.
Em 28 de Setembro de 1968 foi para
Lisboa como padeiro.
Em 2 de Julho de 1970 tirou a carta
de ligeiros e pesados de passageiros.
Ingressou numa casa de brinquedos
onde trabalhou 13 meses.
Trabalhou
posteriormente durante algum tempo na distribuição de electrodomésticos.
A partir de 14
de Julho de 1973 iniciou-se como motorista da Administração da A.C, empresa que
construiu
o complexo turístico de Tróia.
Em 8 de
Setembro de 1977 ingressou no Banco Totta e Açores onde tem passado por vários serviços.
Surgiu porque senti a necessidade de
melhorar o meu nível de vida.
E a oportunidade
de ser bancário?
A
oportunidade de ser bancário surgiu um pouco devido à crise
que a empresa em que trabalhava atravessou, após o 25 de
Abril de 1974.
Imagina o que estaria a fazer hoje em dia se ainda estivesse em Sendim?
Penso que teria um táxi.
Recorda-se
da sua infância em Paço? Como é que passava os seus dias?
Até aos 12 anos brincava com as outras
crianças que na altura eram muitas. Jogava à patalinha ao botão-fora, etc.
Imaginava algum dia que o seu futuro se iria construir longe da nossa
terra?
Após os 20 anos, sim.
Nunca
pensou emigrar?
Sim em
Fevereiro de 1968 era para ter ido para a França, mas como depois
em 28 de Setembro de 1968 acabei por vir para Lisboa ...
Como vê a sua
situação relativamente aqueles que tiveram que emigrar, e
que você tão bem conhece?
Penso que
se não existisse emigração a nossa aldeia não se teria
desenvolvido, nem se teria melhorado a situação da nossa
gente.
Como é preenchido o seu dia a dia?
Durante a
semana é preenchido a trabalhar. Aos domingos gosto de
jogar um bocadinho de dominó. À noite gosto de ver TV.
E os tempos livres e fins de semana?
Gosto de passear fora da cidade e no verão ir para a praia.
Com que
frequência se desloca
a Sendim ?
Desloco-me a
Sendim 6 a 7 vezes por ano.
Quando regressa
que lugares gosta de visitar?
Gosto de
passar pelo cafés para falar com os conhecidos e amigos. Gosto
de ir à
missa a Sendim nos domingos.
E as principais lembranças que lhe ocorrem ?
Os jogos
de futebol, futebol do bom. Os bailes, os jogos do pino e
também as
jogatanas de cartas.
O seu irmão era uma das pessoas mais populares e
características de Sendim. Como recorda
essa sua faceta?
Com alguma
desilusão, dado ter morrido como morreu. E após a morte dele ter ficado com
pouca família.
Que mensagem
deixa a todos
os Sendinenses ?
Não se esqueçam da nossa terra.
Entrevistado por Paulo Monteiro
Em Julho de 1999
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