sábado, 18 de fevereiro de 2012

Boletins Antigos - nº 2 - Que é feito de nós

(Julho de 1999)
Que é feito de nós
"Desloco-me a Sendim 6 a 7 vezes por ano" - Manuel Joaquim de Matos



O Sr. Manuel Joaquim Matos tem uma história comum à grande parte dos Sendinenses, muito cedo percebeu que o melhor seria abandonar a sua terra para noutro sítio organizar vida, constituir família e abrir os horizontes do seu futuro. Assim trocou o dia a dia da pacata Sendim pela agitada e cosmopolitana Lisboa.

Hoje em dia tem um estável emprego de bancário num dos bancos do Grupo Chamaplimaud, o Banco Totta & Açores. Pessoa respeitada e querida dos seus colegas, calcorreia os pisos e corredores do edifício da Miguel Bombarda e outros por essa Lisboa, na entrega de documentos tão importantes no dia a dia daquelas instituições. Trabalho que faz com reconhecida competência, mantendo um excelente ambiente com todos os quadros superiores e não superiores do Banco Pinto e Sotto Mayor, Banco Totta & Açores e Crédito Predial Português.

Sempre que pode desloca-se a Escurquela, a terra da sua esposa, onde tem uma casa. Aí recarrega baterias para de novo fazer frente à agitada vida citadina. O facto de já não ter família em Sendim, não o impede de aí regressar sempre que a Escurquela se desloca, assim sendo, não perde a oportunidade de se por ao corrente de tudo o que pela nossa terra se passa.

Quando em Lisboa, nos fins de semana gosta de se deslocar às feiras do Relógio e das Galinheiras, não desperdiçando a oportunidade de encontrar alguns dos nossos conterrâneos, com os quais da nossa terra sempre fala.

Ao Boletim dos Amigos da Região Tedo-Távora sempre diz - "Ponham lá umas notícias caseiras, que é isso que o pessoal que está longe gosta, saber notícias lá da terra". Desde o primeiro número do Boletim que se tornou um incondicional, desencadeando logo por sua conta uma campanha de angariação de sócios.
Pai de dois filhos, o Manuel Domingos e o Ricardo Miguel, aguarda os dias da reforma para quem sabe um dia voltar, talvez de vez ...


CARREIRA PROFISSIONAL
Fez a 4 classe em Junho de 1952.

A patir dessa altura começou a trabalhar nas vindimas, ganhar o 6° dia ao preço das mulheres. Manteve-se nos trabalhos agrícolas até aos 16 anos.

Após os 16 anos foi trabalhar para a Padaria, com o que viria a ser o seu padrinho de casamento, o Sr. Fernando Teixeira.

Em 28 de Setembro de 1968 foi para Lisboa como padeiro.

Em 2 de Julho de 1970 tirou a carta de ligeiros e pesados de passageiros.

Ingressou numa casa de brinquedos onde trabalhou 13 meses.

Trabalhou posteriormente durante algum tempo na distribuição de electrodomésticos.

A partir de 14 de Julho de 1973 iniciou-se como motorista da Administração da A.C, empresa que construiu o complexo turístico de Tróia.

Em 8 de Setembro de 1977 ingressou no Banco Totta e Açores onde tem passado por vários serviços.



Sr. Manuel Matos, como é que lhe surgiu a ideia de ir para Lisboa ?
Surgiu porque senti a necessidade de melhorar o meu nível de vida.
E a oportunidade de ser bancário?
A oportunidade de ser bancário surgiu um pouco devido à crise que a empresa em que trabalhava atra­vessou, após o 25 de Abril de 1974.
Imagina o que estaria a fazer hoje em dia se ainda estivesse em Sendim?
Penso que teria um táxi.
Recorda-se da sua infância em Paço? Como é que passava os seus dias?
Até aos 12 anos brincava com as ou­tras crianças que na altura eram muitas. Jogava à patalinha ao botão-fora, etc.
Imaginava algum dia que o seu futuro se iria construir longe da nossa terra?
Após os 20 anos, sim.
Nunca pensou emigrar?
Sim em Fevereiro de 1968 era para ter ido para a França, mas como depois em 28 de Setembro de 1968 acabei por vir para Lisboa ...

Como vê a sua situação relativa­mente aqueles que tiveram que emigrar, e que você tão bem conhece?

Penso que se não existisse emigra­ção a nossa aldeia não se teria desen­volvido, nem se teria melhorado a situação da nossa gente.

Como é preenchido o seu dia a dia?

Durante a semana é preenchido a trabalhar. Aos domingos gosto de jogar um bocadinho de dominó. À noite gosto de ver TV.

E os tempos livres e fins de semana?

Gosto de passear fora da cidade e no verão ir para a praia.

Com que frequência se desloca a Sendim ?

Desloco-me a Sendim 6 a 7 vezes por ano.

Quando regressa que lugares gosta de visitar?

Gosto de passar pelo cafés para falar com os conhecidos e amigos. Gosto de ir à missa a Sendim nos domingos.

E as principais lembranças que lhe ocorrem ?

Os jogos de futebol, futebol do bom. Os bailes, os jogos do pino e também as jogatanas de cartas.

O seu irmão era uma das pessoas mais populares e características de Sendim. Como recorda essa sua faceta?

Com alguma desilusão, dado ter morrido como morreu. E após a morte dele ter ficado com pouca família.

Que mensagem deixa a todos os Sendinenses ?

Não se esqueçam da nossa terra.
Entrevistado por Paulo Monteiro
Em Julho de 1999

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