domingo, 30 de dezembro de 2012

BOLETIM Nº 50

O Boletim nº 50 está a chegar...


sábado, 29 de dezembro de 2012

Bol. antigos - Nº 2 - Grupo Desportivo e Recreativo de Sendim em Festa (Julho 1999)


GRUPO DESPORTIVO E RECREATIVO DE SENDIM EM FESTA




(Julho 1999)


No passado dia 20 de Junho o Grupo Desportivo e Recreativo de Sendim esteve em festa para comemorar o final de mais uma época futebolística. Para tal convidou a equipa do Grupo Desportivo de Cabaços. Depois do jogo que foi ganho pelo Sendim por 7 — 2, houve um lanche para todos os intervenientes e os atletas do GDRS receberam uma lembrança com "recompensa" pela dedicação e empenho que revelaram ao longo do campeonato.

Para a próxima época vai manter‑se activo o GDR Sendim pelo que este jogo serviu para se começar já a pensar no próximo ano, em que em princípio irá participar no Campeonato Distrital de Juvenis, organizado pela A. F. de Viseu.
A equipa do GDRS foi constituída por: Marcial; Filipe, André, Daniel, João Vasco, Carlos Monteiro, Micael, Tiago Batista, David (Cap.), Carlos Basílio, Marciel, Marco, Hugo, Diogo. (Faltaram: Bruno, Tiago Rebelo, Tiago Pereira e Raul). O GD Cabaços alinhou com João, Hélio, Nelson, João Carlos, Vitor, Rui, Alexandre (cap.), Paulo, Eduardo, Gilberto, Bruno, António, Nuno, Eduardo, Quim e Leontino.




Bol. antigos - Nº 2 - ALDEIA DE SENDIM (Julho 1999)


ALDEIA DE SENDIM
Isilda Teixeira
 A Aldeia cresceu, tão pequena a conheci
Na labuta do campo, em simplicidade
No cantar pelo luar, a mocidade
Na alegria qu'encantava, só por si

Ares lavados, frios dos pinheiros
Que ao cimo da serra, se avistavam
O chiar dos carros que passavam
No labor, eram os primeiros...

Hoje é bem outro o aqui viver
Porque se constata novo crescer
E seus filhos a honram, por amor

Há por esta Aldeia, numa paixão
Ao visitá-la, numa certa emoção
Uma Saudade ... um sorriso .... um louvor!

Lamego, 1-6-99




sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Bol. Antigos - nº 2 - A TERRA ONDE NASCI - Julho 1999

A TERRA ONDE NASCI


Dois elementos da A.R.T.T. tiveram a gentileza de me contactar convidando‑ me a escrever algo sobre a minha terra natal (Aldeia de Sendim). Devo dizer que foi com muito gosto que recebi o seu amável convite e desde logo lhes manifestei a minha inteira disponibilidade, embora eu não consiga nem possa expressar por palavras o que me vai na alma a respeito da terra que me viu nascer e crescer, que me criou como só uma verdadeira mãe extremosa cria o seu filho amado oferecendo-me todo o seu amor maternal, que sempre me protegeu como aliás protegeu e continua a proteger todos os seus filhos presentes e ausentes, ainda que longe do seu seio, eles continuam a sentir o calor do seu coração.
Foi nessa terra abençoada de Santa Maria que vivi inolvidáveis anos da minha juventude, e é com profunda saudade que ainda hoje recordo alguns momentos que só a morte poderá apagar da minha memória, ao debruçar‑me sobre o passado de olhos fitos no abstrato, meu pensamento tropeça a cada tope em tão gratas recordações que me levam a citar o grande poeta português (Luís de Camões), enquanto houver no mundo Saudade... Quero que seja sempre celebrada.
E depois de abrir minha alma de par em par e dar voz ao sentimento, que mais poderei eu dizer da deusa que todos os dias contemplo pela manhã, alegre, sorridente e descontraída no escarpado da serra espreguiçando-se nos seus braços. Quando a olho fico deslumbrado com o seu encanto, mas sinto uma angústia tão grande no meu peito que quase me sufoca, ao lembrar‑me que o berço que me embalou ao nascer, não será certamente aquele que me embalará quando chegar a minha hora de adormecer.
E para finalizar, só me resta dizer-lhe: Bem haja ó Terra Mãe por me dares a honra de ser vosso filho.





NOSTALGIA

Apaga-se a luz dos olhos meus, é quase noite
O verde sonho que embalei já se adormece
Quem porventura mo diria se soubesse
Um refúgio aonde minha dor se acoite
Nefasta dor que a angústia torna dolorosa
Quando do leito de enferma chaga se levanta
Enquanto a voz se me soltar da garganta
Hei-de cantar-te á minha Terra, á Mãe ditosa
No teu regaço depus a flor da mocidade
Com minh'alma a sangrar de mágoa cheia
Aos teus pés jurei amar-te eternamente

No meu peito ficou prostrada a saudade
Lembrando o tempo que vivi na minha Aldeia
E que o destino encurtou tão cruelmente.

99/04/06
Ilídio Coelho









quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Bol 49 - Um Dia Feliz

Um dia Feliz


Era uma linda manhã de Primavera. O Sol estava ameno e radioso. Os passarinhos cantavam alegremente no interior da mata verdejante, como que a saudar o esplendor da Natureza. Uma criança de seis anos, além da natureza em redor, também observava seus pais que um pouco distantes, trabalhavam a terra. A criança sentia-se feliz e segura com a presença do pai, que tinha acabado de chegar de Lisboa, para onde se ausentava por longos períodos para tentar governar a vida. Quando regressava a Sendim, de onde era natural, voltava com bastantes saudades, tanto da família como da terra que o vira nascer.
Naquele dia talvez por causa do seu regresso, sua mãe comprara um pão de sêmea, fofo e alvo, coisa essa a que o menino não estava habituado, porque no seu dia a dia, apenas comia pão duro de centeio e por vezes bolorento e até ratado dos ratos. A pequena fatia de pão, que sua mãe lhe dera, para ele era como se fosse a maior guloseima!
Quando chegou a hora do almoço, sua mãe dispôs uma toalha sob a sombra de um pinheiro e almoçaram, arroz de grão com o dito pão a acompanhar.
O menino não comeu logo o seu pão, guardando-o no bolso das suas calças remendadas, para que durasse mais tempo e assim o fosse saboreando, quando sentisse fome.
Enquanto seus pais dormiam a sesta, o menino entretinha-se a brincar com as formigas que passavam num carreiro e observava como elas eram laboriosas. Do seu bolso retirou umas migalhas de pão que distribuiu pelos pequenos bichos e que logo as carregaram para o seu celeiro.
Entretanto seus pais voltaram ao trabalho. O menino, depois de se fartar de brincar com as formigas, deslocou-se até uma pequena nascente de água, com uma pequena represa que servia para o regadio. Naquele momento a represa estava vazia e numa parte mais seca encontrava-se um ninho, caído de uma das silvas, com quatro pequenos passarinhos que em desespero chilreavam.
O menino logo se aprontou em socorrer o ninho, pois sabia que se não o fizesse, ao subir a água morreriam afogados. Sorrateiramente levou o ninho para a sombra de um pinheiro e foi alimentando os passarinhos com migalhas de pão. Por fim adormeceu feliz por ter os passarinhos junto de si; e não sabe quantas horas dormiu… Quando acordou, sua mãe estava junto a si, mas o ninho desaparecera! Tristemente perguntou à mãe pelos passarinhos, mas sua mãe apenas lhe respondeu que uma cobra os tinha comido. Algo dizia ao menino que isso não era verdade, que fora sua mãe que o retirara enquanto ele dormia, atirando com o dito ninho ao abandono.
A felicidade daquele menino, naquele momento se desvaneceu, o sol parecia ter perdido o seu brilho, as aves do campo calaram-se e duas lágrimas pela sua face rolaram.


Nelson Almeida Cravo

Bol. antigos nº 2 - POR TERRAS DA REGIÃO - Paredes da Beira

PAREDES DA BEIRA
Cidade do Sol rodeada de Sete Castelos
(artigo do ano de 1999)

             CIDADE DO SOL nome que lhe vem dos mais remotos tempos, baptizada com o nome de PAREDES DA BEIRA por FERNANDO MAGNO no ano de 1.037. Segundo a história já nesse tempo rei de Leão só viu à sua volta paredes e ruínas das lutas que tinha havido e daí lhe vem o nome de Paredes da Beira, embora se encontre no limite do Douro, refiro-me ao solo que define essa fronteira entre o granito da serra e o xisto do Douro. Parede está com um pé no Douro e outro na Serra. Os habitantes de Paredes vivem praticamente da agricultura, temos um pouco de tudo: maçãs, vinho, azeite, batatas, castanhas, cereais, etc.E se não fossem os incêndios a maior fonte de rendimento seriam as matas, os pinhais e a extração de resinas que dava trabalho a muita gente.
Ainda existem algumas indústrias artesanais como: sapateiros, alfaites, serralheiros e cesteiros.
Voltando à história «A Cidade do Sol segundo a lenda situava-se no lugar de Vale de Vila, Tintureira e Moitas, lugares que ainda hoje são conhecidos por esses nomes.
Encontram-se com facilidade vestígios destes lugares terem sido habitados. Tintureira era onde os mouros tingiam suas roupas, existem nesse local pias enormes escavadas na rocha para esse efeito.
Diz a história que a cidade foi mudada para onde hoje se encontra situada Paredes por causa das formigas e talvez da pouca higiene que tinham com as crianças , isso atraía as formigas e estas comiam os bebés nos berços.

Paredes da Beira foi conquistada aos Mouros por D. Tedon e D. Rauzendo, cavaleiros cristãos que eram irmãos descendentes do Rei de Leão e ascendentes dos Távoras, já tinham expulsado os Mouros do reino de Lamego, Resende, Granja do Tedo, etc, nomes que descendem dos seus conquistadores.
Tiveram o apelido de Távoras quando da conquista de Paredes, pela bravura como se bateram contra os mouros na batalha do Vale dos Mil. Segundo relatos mataram mais de mil mouros que até as águas do rio Távora ficaram vermelhas de tanto sangue derramado. Os Cristãos sabiam que era hábito dos mouros irem banhar-se ao rio na manhã de S. João e deitarem-se no linho, então apanharam-nos de surpresa.
Os castelos de Paredes só tinham as sentinelas e alguns conseguiram fugir e avisar os que estavam no rio e aí a batalha foi dura, se não fosse D. Tedon vir de Paredes com alguns portugueses em auxílio de seu irmão junto ao rio Távora não teriam vencido os mouros. Diz a história que os portugueses mesmo a cavalo, a nado, no meio do rio fazia nos inimigos horrorosa carnificina. D. Tedon passou o rio e unido a seu irmão derrotou e pôs em fuga os mouros. Desta vitória tomaram os dois por apelido Távora e por armas um golfinho sobre as ondas e estas armas usaram seus descendentes até à extinção desta nobre família em 1759.
Segundo estudos feitos pelo Dr: Vitor Jorge e sua equipa de arqueólogos na Fraga d'Aia no abrigo de pinturas rupestres, ali descoberto em 1988, esta região já era habitada 2500 anos A.C.
Devia ter sido na Fraga d’Aia, Castelo Velho e Castelinhos, junto ao rio Távora que os primeiros humanos ali habitaram e deixaram suas marcas pintadas nas rochas, assim como alguns utensílios em barro e até a própria essência da tinta que os arqueólogos, nas suas pesquisas, conseguiram encontrar. Concerteza que haverá ali à volta muito mais para averiguar e estudar como foi ou teria sido a vida dos primeiros humanos que ali viveram.
Possuímos também um Berrão ou Porco de Pedra que foi encontrado no lugar do Tanque da Seara onde se encontra uma fonte muito antiga.
O Porco tem uma inscrição em ebraico que a sua tradução seria (Dos Ambrões) não se sabe ao certo mas dizem que foi um povo que no passado aqui viveu, outros dizem que tem ligação com a Porca de Murça apenas sabemos que deve ser dos monumentos mais antigos que esta terra possui.
Por aqui passaram vários povos com hábitos e costumes diferentes e cada um nos deixou um pouco deles próprios.
Encontram-se à volta de Paredes vestígios e ruínas dos sete castelos, castros ou fortalezas. Apenas há um que dizem ser solarengo, quase todos foram arrasados nas lutas entre cristãos e infiéis.
Diz a lenda que havia no Castelo Velho um Alcaide mouro que tinha por tradição receber todos os anos como tributo uma donzela que seria escolhida à sorte no povoado. Naquele ano coube a sorte à irmã de um rapaz ascendente da quinta dos Azevedos e descendente dos conquistadores de Paredes. Vestiu-se disfarçado de mulher e entrou no castelo e com um punhal que levara degolou o alcaide mouro e assim acabou com o macabro tributo e com o domínio Mauretano nesta vila e redondezas. Dizem que há documentos na Torre do Tombo em Lisboa que atestam este facto.
Ainda hoje se encontram guardadas no solar dos Azevedos as três chaves originais em ferro tomadas aos mouros pelos irmãos D. Tedon e D. Rauzendo, as ditas chaves já estiveram numa exposição na Bélgica.
Encontra-se também num muro por detrás do solar junto ao acipreste, o primeiro brasão da família Azevedos, dizem que o facto de se encontrar quase abandonado no dito muro, foi um fidalgo que casou com a herdeira do brasão e como ele era vaidoso retirou o brasão da esposa e colocou o dele. Há ainda a versão de o brasão ter vestígios dos Távoras e daí ter sido retirado.
Diz também a lenda que o valor e respeito da família daquele solar era tanto, que se alguém tivesse cometido algum delito bastaria tocar no batente do portão, que tem a forma de um cão em ferro, para que esse indivíduo ficasse à guarda e responsabilidade dessa família e já ninguém lhe tocava.
(Continua no próximo número)


Capela dos Santos Mártires

Praça Central

Anta de Areita

Vista geral