Os Invernos de Hoje e os de
Antigamente
por Maria Lisete Soeiro Coelho Ferreira
Nos invernos de hoje, a comunicação social está sempre a informar o país
das vagas de frio que estão para chegar, ou que está alerta laranja por causa
das chuvas e tempestades, a avisar que se devem prevenir com agasalhos, bebidas
quentes etc. Até parece que os portugueses de hoje não têm sangue quente nas
guelras como tinham os nossos antepassados! Até porque os invernos de agora não
têm nada a ver com os de antigamente, principalmente aqui na província, que se passavam
semanas inteiras e até meses, que as pessoas que trabalhavam na lavoura
agrícola não podiam ganhar um dia com tanta chuva, neve e gelo.
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Então o nevoeiro era muito frequente e duradouro
em Sendim. Dizia o povo que ele nunca se ia embora sem fazer a novena, ficava
cá sempre hospedado no mínimo 9 dias, o que muito preocupava as mulheres. Pois
naquele tempo tinham muitos filhos, mas roupa para os mudar havia pouca! Por
vezes era lavada à noite para vestirem de manhã. Mas no inverno era difícil, porque
não secava e com o nevoeiro ainda era pior.
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E a pequena lareira, onde por
vezes nos aquecíamos pela frente e cheios de frios por trás! Para se fazerem
aquelas pequenas fogueiritas ia-se roubar a lenha às escondidas, sempre com
medo, porque se o dono chegasse e visse alguém nas suas matas, das duas uma, ou
faziam levar a lenha a casa deles, ou faziam ir as pessoas ao Posto da Guarda, sendo
obrigados a pagá-la, fosse lenha boa ou ruim, nem que fosse um molho de giestas
ou um saco de pinhas! Toda a gente arranjava a lenha no verão para utilizar no inverno,
porque naquele tempo ainda não existiam fogões a gás. Cozinhava-se ao lume, em
potes de ferro com três patas. Comidinha que ficava muito mais gostosa e mais
saudável!
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