sábado, 5 de abril de 2014

OS INVERNOS DE HOJE E OS DE ANTIGAMENTE - Bol. 55

Os Invernos de Hoje e os de Antigamente

por Maria Lisete Soeiro Coelho Ferreira




Nos invernos de hoje, a comunicação social está sempre a informar o país das vagas de frio que estão para chegar, ou que está alerta laranja por causa das chuvas e tempestades, a avisar que se devem prevenir com agasalhos, bebidas quentes etc. Até parece que os portugueses de hoje não têm sangue quente nas guelras como tinham os nossos antepassados! Até porque os invernos de agora não têm nada a ver com os de antigamente, principalmente aqui na província, que se passavam semanas inteiras e até meses, que as pessoas que trabalhavam na lavoura agrícola não podiam ganhar um dia com tanta chuva, neve e gelo. 
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Então o nevoeiro era muito frequente e duradouro em Sendim. Dizia o povo que ele nunca se ia embora sem fazer a novena, ficava cá sempre hospedado no mínimo 9 dias, o que muito preocupava as mulheres. Pois naquele tempo tinham muitos filhos, mas roupa para os mudar havia pouca! Por vezes era lavada à noite para vestirem de manhã. Mas no inverno era difícil, porque não secava e com o nevoeiro ainda era pior. 
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 E a pequena lareira, onde por vezes nos aquecíamos pela frente e cheios de frios por trás! Para se fazerem aquelas pequenas fogueiritas ia-se roubar a lenha às escondidas, sempre com medo, porque se o dono chegasse e visse alguém nas suas matas, das duas uma, ou faziam levar a lenha a casa deles, ou faziam ir as pessoas ao Posto da Guarda, sendo obrigados a pagá-la, fosse lenha boa ou ruim, nem que fosse um molho de giestas ou um saco de pinhas! Toda a gente arranjava a lenha no verão para utilizar no inverno, porque naquele tempo ainda não existiam fogões a gás. Cozinhava-se ao lume, em potes de ferro com três patas. Comidinha que ficava muito mais gostosa e mais saudável!
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