quarta-feira, 23 de maio de 2018

Amolador de Tesouras - Boletim 71


AMOLADOR DE TESOURAS
Por: Maria Lisete Soeiro Coelho Ferreira




Como este ano o inverno foi muito seco, já toda a gente reclamava a água,  até as barragens estavam secas, porque ainda não tinham chegado essas chuvas invernais da época. Mas toda a vida ouvi dizer: a chuva e a morte não deve de ser desejada e tarde é o que nunca vem.
Só depois que entrou a primavera é que chegaram as tempestades, que até lhe estão a pôr o nome de pessoas (e já vai na Irene!). Pois estamos atravessar uma época de chuvas torrenciais e grandes ventanias. Tem havido grande destruição de árvores,  umas arrancadas pela raiz, outras grossas pernadas que partiram, até os postes dos telefones e eletricidade têm partido e caído nos caminhos!
O que levou grande destruição com estes ventos todos, foram os  guarda-chuvas ou seja, os sombreiros, como lhe queiram chamar. Viravam-se todos com o vento e a maior parte deles partiram as varas e acabaram por ir para o lixo!...      
Então, eu lembrei-me de publicar, mais esta recordação do meu tempo de criança, para assim ficar registado. E as pessoas que lerem, possam também recordar como eu estas lindas e antigas tradições que deixaram muitas saudades. 

Quem se lembra do Amolador de Tesouras?
Afiador de facas e navalhas?
E peneireiro de peneiras e guarda-chuvas?
(...)



“- Amolam-se tesouras, facas e navalhas.. Amolam-se tesouras, facas e navalhas…”

  Esta era a frase com que o amolador anunciava a sua chegada e juntamente  com o caraterístico som de uma gaita, que já há muito está caído no esquecimento do nosso povo. Era um instrumento musical próprio, uma gaita de beiços especial, muito parecida com um realejo ou pífaro de 5 canos, que o amolador tocava à sua chegada e que já era conhecido dos clientes. Essa música era uma melodia própria, um pregão musical, para anunciar aos clientes a sua chegada.  
(...)



 Quando ele chegava, o povo dizia que ele adivinhava chuva! Mas em minha opinião o aparecimento do amolador e a chegada da chuva na mesma altura era por mera coincidência, porque ele aparecia praticamente  no inicio do Outono, exatamente quando chegavam também as primeiras chuvas! 
(...)



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