sábado, 7 de janeiro de 2017

Boletim nº 8 - Editorial - Boletins Antigos

BOLETIM  Nº  8


EDITORIAL

        A ARTT tem vindo desde a sua formação a desenvolver actividades que se tornaram importantes para o desenvolvimento da região Tedo Távora. Temos mantido acções de divulgação do nosso espaço rural através da realização de percursos na região trazendo pessoas da várias partes do país.
        Criamos o Roteiro “Sendim Caminhos Históricos” mantivemos as publicações do Boletim ARTT, fazendo chegar a nossa mensagem ao exterior. Alertamos para a defesa dos nossos lugares e monumentos nomeadamente a via Romana que esteve em perigo de desaparecimento no lugar de Sendim. Fomos reconhecidos por sua Excelência o Ministro da cultura Manuel Maria Carrilho, como associação de interesse cultural. Adquiriu-se com a ajuda da Câmara Municipal e Junta de Freguesia uma casa antiga para sede da Associação. Temos o projecto da nossa Associação em vias de aprovação.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Será que houve um Castelo em Sendim!? - BOLETINS ANTIGOS - Bol. nº 7

DESCOBERTAS NO PASSEIO PELA ALDEIA

Será que houve um Castelo em Sendim!?
(OUTUBRO DE 2001)

    Visitar a “Antiga Vila de Sendim” é sempre uma descoberta, porque, sem querer, o inesperado acontece-nos a qualquer momento. Ao passear por ali, deparei com umas pedras aparentemente sem importância, que “jazem” no muro de uma casa em frente à igreja Matriz. Fiquei surpreendido quando me apercebi que entre elas estava urna “ameia”! De repente, recordei ter lido, numa obra de Pinho Leal que naquele lugar existiu uma antiga mesquita e também uma antiga torre. De onde viria esta ameia? Pensei... Terá Sendim tido mesmo uma torre ou uma pequena fortaleza?! Terão servido as suas pedras para edificar as construções ali existentes?!



         Em Sendim, segundo o povo, existe um lugar chamado Castelo. Situa-se junto à atual rua e lugar da Amoreira.
    Na entrada norte da Vila. Também, a nascente da Igreja, se encontra uma pequena edificação de planta quadran­gular parecendo uma antiga torre. Note-se a antiguidade do aparelho que constitui esta construção, idêntico a fortalezas da região. Também  a ameia encontrada é idêntica à usada nos castelos de Marialva ou de Trancoso, povoações mesmo aqui ao lado.



         O povo de Sendim conta que junto à Igreja Matriz houve uma torre e que caiu num dia de vendaval. No mesmo lugar, foi construída a atual torre campanária e as pedras, que restaram, serviram para edificar o santuário do Senhor das Preces, a poucos metros dali. Terá apenas restado da ruína dessa torre esta ameia?



         Curiosamente, este ano também caiu parte da torre sineira, mais propriamente, uma pedra que segurava urna cruz iluminada. Essa cruz substitui, há alguns anos, um galo e os pontos cardeais que rodavam naquele sitio com o vento.
    Outro facto é que Sendim se implan­ta num morro granítico e dali se vêem terras de muito longe, nomeadamente, a Serra da Estrela. Por isso, só por si, este lugar é como uma fortaleza natural, já que o declive para nascente e sul é muito íngreme. O que faz pensar que o mais provável será ter existido ali uma ou duas torres de menagem, associadas aos cabeços que constituem o relevo em que assenta o povoado.
    Sem dúvida esta pedra tem uma importância grande como marca da história da nossa terra. Juntamente com ela encontram-se outras pedras traba­lhadas formando um tosco muro que, em silêncio, guardou até hoje este pequeno segredo. Agora, desperta-nos bastante interesse para se tornar uma jóia do nosso Museu...
(Sendim, Verão de 2000)
Fernando Carlos Taveira Cardoso Teixeira


VILA E AGORA... - boletins antigos - Bol. nº 7

VILA E AGORA...

     No âmbito deste tema, várias contradições e dúvidas nos aparecem de imediato. O despo­voamento do interior e dos núcleos rurais continua em progressão e parece imparável. Sabemos que é muito difícil nadar contra esta corrente, no entanto, a vontade dos homens e mulheres destes lugares muitas vezes é mais forte e o impossível acontece.




     É verdade que a velha Vila, não tem um multibanco, um posto médico, uma boa farmácia, comércio indústria, o fundamental que qualquer vila deve ter. Dai a contradição. Custa-nos saber que em outros tempos houve maior dinâmica e actividade. No entanto apesar das migrações, a nossa terra continuou, enquanto que outras desapareceram por completo. A nosso ver a nova Vila tem alguns trunfos que pode e deve utilizar. Um dos mais importantes são, a sua paisagem e o seu património. É esta a corrente a nosso favor. Se houver vontade política e soubermos aproveitar as construções dos nossos antepassados, os nossos caminhos antigos, muitos deles medievais e romanos, se soubermos melhorar os nossos conjuntos e núcleos urbanos, como Sendim, Aldeia, Paço, Guedieiros e Cabris, podemos atrair investimento exterior, ligado sobretudo ao turismo e agricultura.






  É necessário criar dinamismo e arriscar… Ser vila implica responsabilidade em cada um de nós, cada um tem de certo mais qualquer coisa a dar à comunidade, basta desenvolvermos aquilo que cada um de nós sabe fazer para o progresso e desenvolvimento se desenrolar espontaneamente... Imaginemos que todos aqueles que são oriundos destas terras regressavam... Como seria? Há que apostar também nessas pessoas, criar estratégias para as cativar.






         É NECESSARIO INVENTAR, É NECESSÁ­RIO SER EXIGENTE COM O PODER POLÍTICO E COM NÓS MESMOS. Para quando a classi­ficação de interesse concelhio dos nossos monumentos, dos nossos caminhos, dos nossos núcleos? Para quando os planos directores e de pormenor, tendo em conta os nossos lugares, as nossas potencialidades naturais? Não basta, e não é suficiente deixar transformar as nossas casas antigas, com a intervenção de novos telhados, beirados de cimento pintado, janelas de alumínio cinzento e vidro martelado. Pôr-lhes uma parabólica em cima e continuarem a maior parte do ano desabitadas.
         É necessário, ter maior cuidado e seriedade com estes fatores, pois a maior segurança do investimento na área do turismo é a adequada regulação das intervenções na paisagem pelas autoridades licenciadoras. Felizmente há sinais, da melhoria da qualidade dos nossos núcleos, veja-se a intervenção a decorrer na parte histórica de Tabuaço. Mas não podemos esquecer o valor dos outros núcleos. Sendim, merece muito mais atenção, quer por todos nós, quer pelo poder político que a propôs a vila...

A comissão instaladora da ARTE – (OUTUBRO DE 2001)







VALE A PENA RECORDAR - boletins antigos - Bol. nº 7

VALE A PENA RECORDAR
por: Arlindo de Sousa

Estava-se em 15 de Maio de 1883. Na região correspondente aos concelhos de Moimenta da Beira, Tabuaço e S. João da Pesqueira, o dia nasceu com o sol a brilhar. Prometia um tempo propício à realização das inúmeras tarefas essencialmente agrícolas da população. Iria ser um dia igual a tantos outros? Não foi...
Quando menos se esperava, umas nuvens negras começaram a aparecer no horizonte. Cada vez mais espessas, escuras e ameaçadoras, as nuvens avançaram pesada mas implacavelmente até cobrirem toda a região.



         Os relâmpagos e os trovões não tardaram com a sua presença. O clarão vivo e rápido das descargas eléctricas rasgava o céu em todos os sentidos e por vezes as descargas precipitavam-­se sobre a Terra. O ruído dos trovões de várias respostas e com uma intensidade crescente era assustador...
          Quando o último galináceo se recolhia apressado e espavorido ao poleiro (o dia parecia noite!), uma chuva diluviana e tempestuosa começou a fustigar os três concelhos. As linhas de água transformaram-se rapidamente em rios caudalosos que tudo arrastavam na sua erosiva e devastadora passagem...
     Pouco adiantaram os ramos de alecrim e loureiro, benzidos no Dia de Ramos, queimados em muitas lareiras em louvor de Santa Bárbara. Parecia que as comunicações com o céu estavam interrompidas! O clamor da gente aflita não conseguia atravessar o pesado teto nebuloso que ameaçava tudo destruir... E destruiu! Segundo o jornal “A Liberdade”, que ao tempo se publicava em Viseu, a “... a medonha trovoada… reduziu á fome e á miséria centenas de famílias nos concelhos de Taboaço, Pesqueira e Moimenta da Beira, cujos prejuízos foram avaliados em mais de cincoenta contos de reis...”
     E o que fez o governo de então? O governo, depois de “... apertado, instado, rogado e animado para valer a tanta desgraça e beneficiar tanto infeliz, man(dou) para ali duzentos mil rs. de esmola!”.
          Face a tamanha insensibilidade pelo sofrimento de tantas famílias, os povos dos três concelhos ergueram os punhos ameaçadores e enviaram um emissário que, junto dos poderes públicos e em nome de toda a população, declarou: “Esta gente topelle a ideia de esmola, e só pede trabalho”.



     Apoiados pelo governador do distrito de Viseu, seu interlocutor  junto do poder central, as gentes da região exigiram ao governo que se construísse “…  toda a estrada districtal o.” 40 entre a Foz do Tavora e Moimenta da Beira (menos o lanço entre Moimenta e o Arcozelo que já estaria pronto), justamente considerada como avenida do caminho de ferro do Douro que dista de Taboaço 9 quilometros e 30 de Moimenta da Beira”. A pretensão incluía “..a construcção do lanço... entre o Serro e Taboaço, na extensão… de 4 quilometros, que (afirmava-se) esta(vam) estudados e aprovados”.
     Diziam as populações que assim se atingiam dois importantes objectivos: concluía-se uma via fundamental para o escoamento dos produtos de uma ampla região; e por outro lado tão importante melhoramento, para além de contribuir também para o desenvolvimento global do país, durante a construção, segundo as suas próprias palavras, daria “... emprego a esses braços que (devido à fome) a morte apropria...”. Numa atitude de invulgar dignidade, o povo gritava: Trabalho, sim! Esmola, não!
(OUTUBRO DE 2001)

CORRIDA DE CARRINHO DE ROLAMENTOS - Bol. 65

CORRIDA DE CARRINHO DE ROLAMENTOS
Por: Carlos Cravo



Hoje em dia as crianças estão “atulhadas” de brinquedos de toda a qualidade e feitio, desde os mais simples aos mais sofisticados, mecânicos e digitais, consolas e tabletes,  e até carros e motos movidos a bateria.
Sempre que há aniversário, Páscoa ou Natal, esse arsenal de brinquedos aumenta consideravelmente. Por conseguinte, não há criança, por mais pobre que seja, que não tenha em casa uma panóplia de brinquedos.
Mas nem sempre foi assim. Se é certo que o brinquedo sempre ocupou um importante lugar no mundo da infância e sempre os houve, também é verdade que só as crianças “bem nascidas” é que tinham direito a brinquedos mais ou menos sofisticados, de acordo com a época.

Ainda sou do tempo em que éramos nós a fabricar os nossos brinquedos. Latas de sardinhas vazias, corcódeas, madeira, limas, aros de bicicleta, pneus velhos das motas… Enfim, era o material com que nos divertíamos e nada animava mais o pessoal que uma bela corrida em Carrinhos de Rolamentos. Com ou sem a ajuda dos pais, ou dos mais velhos, lá se ia montando algo que possibilitasse descer a toda a velocidade, permitindo uma boa diversão com um grupo de amigos.
(...)