segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Boletins Antigos - nº 4 - 2000 - capa e editorial

Fevereiro de 2000



EDITORIAL

Neste novo ano regressamos à publicação do nosso boletim, com a regularidade que nos é possível.
Consideramos de muita importância cada registo, em forma de notícia, artigo ou opinião, publicados desde o 1.0 número; para além de cumprir a sua função divulgadora, o nosso boletim é "documento" que marca momentos das pessoas, da vida, da sociedade rural da nossa região.
O "porta-voz" da ARTT, tem, a nosso ver, respondido positivamente às expectativas criadas. Tem originado alguma polémica e discordância, o que consideramos um bom sinal de intervenção, suscitando a discussão de alguns temas e assuntos por nós abordados... a favor, contra.,. isso não tem importância; o importante é levar as pessoas a abordar determinados temas e assuntos que são nossos, acerca da nossa terra e da nossa gente.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Capela de Nossa Senhora da Nazaré - Boletins Antigos - nº 3 - 1999

"ALERTA" CAPELA DE NOSSA SENHORA DA
NAZARÉ DESMORONOU
artigo de 1999



Esta capela é um dos elementos mais importantes constituintes da urbe de Sendim, e é com tristeza que hoje a vemos em plena ruína. Obra de 1663, implantada entre muros em terreno particular, apresenta os seus elementos arquitectónicos mais importantes na fachada principal: entrada de arco de volta inteira ladeado por interessante moldura em pedra, óculo central e curioso pequeno campanário na parte superior (peça que se encontra partida e caída no interior junto á ruína da sua cobertura totalmente.
Quando será a sua recuperação? Não sabemos! A nossa associação mostra-se interessada em colaborar na sua reconstrução. Para tal, lançamos este "alerta" e pedimos ao proprietário, Câmara, Junta de Freguesia e Igreja paroquial: Envolvam-se no socorro a este pequeno mas importante Monumento que se arrisca a cair por completo. Com mais um Inverno que aí vem surge o perigo de as infiltrações nos muros a descoberto levarem a capela à ruína total, o que tornará muito mais difícil a sua recuperação. Como medida urgente de protecção é necessário cobrir a actual ruína com um tolde ou um plástico de modo a impedir as causas da erosão.
De que maneira a devemos recuperar? Recuperar significa repor a sua forma original, rectificar as alterações e aplicação de materiais dissonantes à sua figura. Em nosso entender é necessário, na sua recuperação usar técnicas e materiais construtivos que mantenham um desenho de acordo com as suas características arquitectónicas. Reforçados no entanto por meios actuais apropriados. Em geral; teremos que renovar as alvenarias e cantarias necessárias com pedra da região, colar as peças de cantaria partida, aplicar uma cobertura de telha de canudo sobre estrutura de madeira convenientemente projectada. Seria bom voltarmos a vê-Ia com uma imagem do Sec. XVII. Só com um estudo que siga estes princípios a capela poderá expressar toda a sua "natureza". Voltar a ter a sua cor, a sua textura e espiritualidade merecedora do culto religioso.
AARTT disponibiliza - se para dar apoio técnico e lembra que pediu a classificação desta capela como imóvel de interesse concelhio. Aguardamos na esperança de não classificarmos "um monte de Pedras".

ARTT - Núcleo de Sendim

Senhora do Bom Despacho - Boletins Antigos - nº 3 - 1999

SENHORA  DO  BOM  DESPACHO

1999

Ao fundo da aldeia, numa capelinha
Onde se honra numa linda Senhora
Bom Bom Despacho, nossa Protectora
E p'ra lá chegar, tanto se caminha...

Quando o ano era muito quente
e no campo secava o que se semeou
A aldeia em peso em procissão rezou
E o milagre, deu-se de repente...

A Senhora ouviu as orações
Houve uma união de corações
e do céu nos continua a proteger

Uma capela votiva à volta d'aldeia
Um simples pensamento vem à ideia
com tal protecção, nada mal irá acontecer!

Isilda Teixeira
Lamego, 1-6-99

Associação Clube do Mato - Boletins Antigos - nº 3 - 1999

ASSOCIAÇÃO CLUBE DO MATO VISITA
O NÚCLEO DE SENDIM DA ARTT

OUTUBRO DE 1999

O Clube do Mato é uma associação sem fins lucrativos, de características eminentemente práticas, que pretende levar à consciencialização ambiental através da fruição plena e esclarecida dos grandes espaços naturais.
O Clube do Mato tem por objectivos gerais a promoção dos aspectos da ecologia, da preservação do ambiente e da utilização saudável dos espaços naturais, tendo por finalidade a melhoria da qualidade de vida num ambiente sadio e ecologicamente equilibrado.
O Clube do Mato pretende desenvolver a sua intervenção em ciclos de actividades temáticas, estruturadas a partir de uma formação inicial especializada em cada área de intervenção, que se irão materializando através da realização de acções de crescente ambição.
No feriado de 5 de Outubro, a direcçãodo Clube do Mato, visitou vários locais do nosso núcleo com o fim de conhecer as nossas potencialidades. Subimos aos castelos de Cabriz; fizemos o percurso ao longo do rio Távora e o percurso até Sendim pela estrada romana (caminho de Santo Ovídio). A paisagem, a natureza e os monumentos encheram de emoção o grupo levando-os a considerar estes lugares como de grande interesse para os fins da sua associação. E logo ficou decidido a realização de um percurso pedestre em conjunto com a ARTT para Maio do ano 2000, no qual serão desenvolvidas actividades de desportos radicais (escalada, Rapei, saídas de campo e trepa penedos)
Com esta visita ficou cumprido mais uma vez o objectivo de dar a conhecer a nossa região.


ARTT- Núcleo de Sendim
Outubro de 1999

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Uma Caminhada pelo Campo - Boletins antigos - nº 3 - 1999

Uma Caminhada pelo Campo
por Cíntia Vargas
em outubro de 1999



Era ainda cedo quando nós começámos a caminhada.
No grupo havia biólogos, arqueólogos, professores de História, Geografia, Inglês, Português, Educação Física, e pessoas com interesses pela preservação do nosso património e que gostam de turismo rural.

O sol despontava e nós, cheios de energia, não
imaginávamos o que iríamos encontrar.
Logo de início, ao caminharmos pelo vale de Sendim, encontrámos cerâmica romana, vestígios de uma civilização sobre a qual muito se tem ainda que descobrir. É bem possível que por baixo das vinhas, dos terrenos, e mesmo das casas de habitação, existam outros vestígios reveladores da presença dos romanos.
Passámos pelo caminho romano, e, embora grande parte se tenha já perdido, é de louvar o interesse que as pessoas da terra tiveram em manter este legado histórico. Trata-se de uma via bastante larga, com uma extensão algo considerável e muito bem conservada. Se fechássemos os olhos por instantes, bem podíamos imaginar que estávamos noutros tempos, perdidos entre o mundo romano e os caminhos medievais.
Junto à Igreja da antiga vila de Sendim, devem salientar-se os enterramentos de forma antropomórfica, característicos da Idade Média. São conhecidos dez, mas é impossível imaginar
quantos mais não existirão, agora soterrados pelo tempo e pela acção humana. Pensa-se que este cemitério terá sido utilizado ao longo de várias épocas.
Detivemo-nos uns instantes a descansar no pátio de um solar que se pensa ter sido habitado pelos Távoras, aquando da fuga daquela família, no reinado de D. José. O brasão em pedra que ali existe é algo diferente de outros brasões da família publicados em livros, pelo que nos fica a dúvida sobre a ligação da família dos Távoras ao local.
Há também 3 tipos de cruzeiros e várias fon
tes. Mais uma vez os naturais da região contaram aos forasteiros a lenda da Fonte do Poiameiro: "quem beber desta água casa na terra". Sorrindo ao feitiço da terra, lá fomos bebendo, pois osol apertava e a sede era muita.
Um pouco atrás, na Quinta do Bom Jardim, o Dr. Vítor Matos tinha falado um pouco sobre o carácter purificador da água e da sua associação à simbologia cristã.
Já na povoação, visitámos o forno da terra e a moagem que é um edifício que serve simultaneamente de habitação aos proprietários.
Mas Sendim ainda tem mais: tem a sua igreja, tem as quintas de São Martinho e do Bom Jardim, tem imensas gravuras e inscrições, tem um pelourinho como símbolo de autonomia
concelhia.
Sendim não prima apenas pelo aspecto histórico; prima também pelas suas gentes.
As refeições que tomámos, quer na Por: Cintia Vargas adega típica, quer no almoço conjunto, foram do melhor. Comida caseira de alta qualidade e de querer repetir sem olhar a dietas.
Juntando um património de vários séculos à simpatia do povo e à gastronomia da região, tem-se Sendim, uma aldeia perdida em terras de Trás-os-Montes.
Quer dizer, perdida não, porque nós já a encontrámos e a Associação dos Amigos da Região Tedo-Távora quer divulgara aldeia para que outros a conheçam. Mas é preciso agir com precaução, pois Sendim não pode perder as casas típicas, os vestígios seculares e tudo o resto em que ela prima.
Entre dois rios, brotando da rocha, nasceram tradições e paisagens que é preciso manter firme e preservar.
É para isso que servem os Amigos!