sábado, 22 de fevereiro de 2014

SENDIM: Algumas notas históricas sobre a Igreja Matriz - Boletins Antigos - Bol. 4 - 2000

SENDIM: Algumas notas históricas sobre a Igreja Matriz
J.M. Cornélio da Silva



Manda a lógica que as primeiras rotas históricas que se apontem sobre Sendim devam começar pela sua Igreja Matriz: efectivamente, é em torno dela e pela sua acção pastoral que se desenvolveu e formou historicamente a unida­de moral e social dos povos que aqui vieram habitar. Por outro lado, trata-se do momento arquitectónico e artístico mais valioso de Sendim.
Os breves apontamentos que pude compilar resultam da consulta de algumas obras e documentos, entre eles do vasto repositório de informação sobre o bispado de Lamego que se ficou a dever ao incansável labor de Monsenhor Gonçalves da Costa.A primitiva Igreja de Santa Maria de Sendim foi elevada a Matriz, diz-nos Monsenhor Conçaves da Costa, pela época da reconquista cristã e com o titulo de Abadia Colegiada, servida por três beneficiados simples.De modo a ocorrer às despesas avultadas com os Estudos Superiores (a Universidade fora a fundada em 1290 pelo Rei Dom Dinis, localizando-se alternadamente em Lisboa e Coimbra, até se fixar em definitivo nesta última cidade, mais tranquila e propícia ao estudo do que a já então agitada Lisboa), elevados encargos que resultavam sobretudo da contratação de mestres estrangeiros, solicitou D. João III à Santa Sé autorização para atribuir à Universidade parte dos proventos eclesiásticos de vários bispados. Entre outros, Santa Maria de Sendim veio a integrar-se no padroado da Universidade de Coimbra, como donatária da Coroa. Cobrava os dizimos e diversos foros, dos quais eram retiradas as pensões devidas ao clero da Matriz e Igrejas filiais. Antes dessa época parece que o respectivo padroado pertencera à extinta casa de Marialva, aliás senhora da Honra (território privilegiado e isento) onde se inscrevia geograficamente Sendím.O “padroado” correspondia ao direito de apresentação dos eclesiásticos a prover nas respectivas Igrejas e que eram propostos ao bispo da diocese.Parece oportuno lembrar que além do serviço religioso e de pastoreio espiritual, desempenhou durante séculos a Igreja através dos seus párocos, a totalidade das funções que vieram só recentemente a caber aos Conservadores do Registo Cvii. Assim o registo do estado das pessoas (assento de baptismo e nascimento, casamento e óbito), essencial para as garantias e direitos individuais e para uma boa ordem so­cial era unicamente assegurado pelos párocos. Diz-nos Monsenhor Gonçaives da Costa que em Aldeia de Sendim os primeiros livros de assentos de baptizados e casamentos se começaram a lavrar em 1631, e o de óbitos no ano anterior. A Igreja Matriz de Santa Maria de Sendim era “Rei­toria” apresentada portanto pela Universidade de Coimbra. O seu Reitor nomeava três benefi­ciados simples da Colegiada. Explica ainda Monsenhor Gonçalves da Costa que, em rigor, os párocos apresentados pela Universidade de Coimbra só se deviam intitular “reitores” caso tivessem obtido um grau académico na Universi­dade, sendo sem isso simples vigários.Na Quaresma as procissões da Via-Sacra saíam da Matriz e terminavam no lugar do Calvário, onde em 1670 0 povo erigiu uma capela em devoção a Santa Bárbara,Em 1756, uma figura prestigiosa, o Padre Luiz Cardoso, da Congregação do Oratório e membro da Academia Real de História obteve do primeiro ministro de Dom José - o Marquêz de Pombal - autorização para realizar a nível nacional um inquérito junto de todas as paróquias do Reino. Daí resultaram as "Memórias Paroquiais” ou “Dicionário Corográfico” que se acha na Torre do Tombo em Lisboa. A cada pároco foi enviado pelo Bispo da Diocese um exemplar do inquérito que constava de vários ítens numerados, de detalhada informação sobre a qual se requeria uma resposta.





Era então Reitor de Sendim o licenciado Manuel de Gouveia Couraça, que presumimos familiarmente ligado à Casa do Paço, situada no lugar do Paço e à beira da actual Capela de São Miguel. O Reitor Couraça respondeu detalhadamente em 24 de Maio de 1758 ao referido questionário. E informou que Sendim era Vila de El-Rei, contando a sua freguesia e termo 312 fogos com 847 pessoas maiores, 59 menores e 13 clérigos.





Respondia também o Reitor que o Orago da freguesia era Santa Maria e que a Igreja tinha um altar de São Bráz. outro de Sáo Sebastião e um altar das Almas, a que estava anexa uma numerosa Irmandade que tinha por padroeiro a São Bráz. Acrescentava que a Igreja não tinha naves mas que possuía “uma sumptuosa Tôrre". 

Confirma-nos que o pároco tinha o título de Reitor, sendo provido "por oposição” através de concurso na Universidade de Coimbra.





Referia também o Reverendo Reitor Gouveia Couraça quanto a Ermidas existentes: na serra estava a Ermida de Santa Luzia, em cujo dia se fazia festa; em um monte junto da Vila a Ermida de Santo Ovídio; entre a Vila e o lugar de Aldeia a Ermida de Santa Bárbara. Acrescenta que todas elas foram erigidas e fabricadas pelos moradores da freguesia. Diz ainda que no povo de Aldeia há outra de São Miguel e em Guedielros a Ermida de São Marcos, cita em Cabriz ainda outra de Santa Maria Madalena. Também estas erigidas e fabricadas pelo povo. E indica que num “sítio dospovoado junto ao Rio Távora” se situa a Ermida de São Sebastiào.Na Vila de Sendim havia, ainda, a Ermida de Nossa Senhora da Nazaré, que ficava contígua às casas de Miguel de Gouveia, seu administra­dor (tratava-se de um vínculo com instituição de Capela anexa). Presumo serem estas as casas muito antigas situadas do mesmo lado e pouco acima da capela com portal brasonado (pedra de armas ilegível) que deita para o caminho su­perior. E outra de Nossa Senhora da Concei­ção(?), rio Lugar de Paço contígua "a outras suas casas”. Em Aldeia havia a Ermida de Nossa Senhora do Rosário, de que era administrador alguém de apelido Pinto da Povoação de Vilar.A nenhuma das ditas Ermidas, diz o Reitor Couraça, concorria gente, exceptuando-se naturatmente a de Santa Luzia. Mas haveria “grande concurso de gente de vários povos” no dia de São Bráz, que se deslocava à Matriz para venerar uma relíquia do dito Santo que ali se guardava encerrada “com muita decência em hum sacrário do seu altar, em hum cofre coberto de veludo carmesim com pregaria dourada, o qual se expõe no mesmo dia a todo o pov0".








domingo, 9 de fevereiro de 2014

NATAL É QUANDO O SENDINENSE QUISER... - Bol 54

NATAL É QUANDO O SENDINENSE QUISER...
por Rafael Santana



O Natal tinha chegado... As iluminações Natalícias na Vila de Sendim, o regresso dos nossos emigrantes, as campanhas de solidariedade assim o indicavam... Celebrava-se por todo o lado o Nascimento de Jesus...

No passado dia 28 e 29 de Dezembro de 2013 decorreu a festa de Natal da Freguesia de Sendim, uma organização conjunta da Junta de Freguesia e do grupo de jovens “Chama de Esperança” de Sendim. A população aderiu em massa durante os dois dias enchendo o salão da junta, local escolhido para a realização das festividades, pelo que se pode afirmar que a iniciativa foi um sucesso e este tipo de eventos culturais, pela importância que têm para a população, deverão ter continuidade.
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sábado, 8 de fevereiro de 2014

As Borlas - Bol. 54

As Borlas
por Maria Lisete Soeiro Coelho Ferreira

O que serão as BORLAS? Será que ainda há alguém que se lembra das BORLAS nos funerais?
Pois bem, eu vou tentar explicar o que eram e qual a sua serventia.

As Borlas eram uns cordões, (pouco mais ou menos, como os que prende os cortinados interiores, de lado, nas janelas) e que nas pontas tinham uma borla. Antigamente essas borlas eram usadas nos funerais, mas só dos ricos!... 
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Dizem que antigamente não existiam cemitérios, e quando morria alguém eram enterrados em valados comunitários. Só os ricos é que eram enterrados no interior das Igrejas. Por isso, quando andaram a compor o caminho em Sendim da Igreja para cima, apareceram lá muitas ossadas humanas e no adro da nossa igreja também ainda hoje há lá muitas ossadas, já não falando, nas campas medievais. Diz a nossa Monografia que dentro da nossa Igreja eram lá enterrados as famílias dos Soeiros e Regos.
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E só a partir daí é que foram criados os cemitérios, mas quando morria alguém, embrulhavam-nas num lençol de linho, que teciam em casa e eram postas num esquife, para os levarem até ao cemitério e lá, eram tiradas do esquife e depositavam-nas diretamente na cova, porque não havia caixões, nem urnas. O esquife da nossa terra ficava guardado na Igreja Matriz, debaixo das escadas que sobem para o coro, à espera do próximo, até tínhamos dois, um que era mais chique, de boa madeira, que tem qualquer coisa em bronze, diz que esse era para levar os mais abastados, o outro é mais simples e de madeira fraquinha, diz-se que era para levar os pobres. A maioria das pessoas de hoje não conhecem, porque nunca os viram, mas ainda os podem ver, apesar de já serem muito velhinhos ainda existem e estão guardados na residência Paroquial.
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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A ROMARIA DE UM MENINO À SANTA LUZIA DE SENDIM - Bol. 54

A ROMARIA DE UM MENINO À 
SANTA LUZIA DE SENDIM

                                                             por  J.C. Pinto dos Santos



Com os meus três anitos, armava birra sempre que a minha tia Lurdes me fazia um babeiro novo de riscado às pintinhas azuis. Choramingava aos soluços, escorrendo de meus olhos lágrimas gordas, e berrava alto: “ Não quelo babeilo! Eu quelo sel um homem pai”. Em casa, todos se riam à gargalhada pois entendiam que eu não queria babeiros e queria ser um homem como o meu pai.
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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Santa Luzia 2013 - Boletim 54

Boletim 54
SANTA LUZIA 2013
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