quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Bol. antigos nº 2 - POR TERRAS DA REGIÃO - Paredes da Beira

PAREDES DA BEIRA
Cidade do Sol rodeada de Sete Castelos
(artigo do ano de 1999)

             CIDADE DO SOL nome que lhe vem dos mais remotos tempos, baptizada com o nome de PAREDES DA BEIRA por FERNANDO MAGNO no ano de 1.037. Segundo a história já nesse tempo rei de Leão só viu à sua volta paredes e ruínas das lutas que tinha havido e daí lhe vem o nome de Paredes da Beira, embora se encontre no limite do Douro, refiro-me ao solo que define essa fronteira entre o granito da serra e o xisto do Douro. Parede está com um pé no Douro e outro na Serra. Os habitantes de Paredes vivem praticamente da agricultura, temos um pouco de tudo: maçãs, vinho, azeite, batatas, castanhas, cereais, etc.E se não fossem os incêndios a maior fonte de rendimento seriam as matas, os pinhais e a extração de resinas que dava trabalho a muita gente.
Ainda existem algumas indústrias artesanais como: sapateiros, alfaites, serralheiros e cesteiros.
Voltando à história «A Cidade do Sol segundo a lenda situava-se no lugar de Vale de Vila, Tintureira e Moitas, lugares que ainda hoje são conhecidos por esses nomes.
Encontram-se com facilidade vestígios destes lugares terem sido habitados. Tintureira era onde os mouros tingiam suas roupas, existem nesse local pias enormes escavadas na rocha para esse efeito.
Diz a história que a cidade foi mudada para onde hoje se encontra situada Paredes por causa das formigas e talvez da pouca higiene que tinham com as crianças , isso atraía as formigas e estas comiam os bebés nos berços.

Paredes da Beira foi conquistada aos Mouros por D. Tedon e D. Rauzendo, cavaleiros cristãos que eram irmãos descendentes do Rei de Leão e ascendentes dos Távoras, já tinham expulsado os Mouros do reino de Lamego, Resende, Granja do Tedo, etc, nomes que descendem dos seus conquistadores.
Tiveram o apelido de Távoras quando da conquista de Paredes, pela bravura como se bateram contra os mouros na batalha do Vale dos Mil. Segundo relatos mataram mais de mil mouros que até as águas do rio Távora ficaram vermelhas de tanto sangue derramado. Os Cristãos sabiam que era hábito dos mouros irem banhar-se ao rio na manhã de S. João e deitarem-se no linho, então apanharam-nos de surpresa.
Os castelos de Paredes só tinham as sentinelas e alguns conseguiram fugir e avisar os que estavam no rio e aí a batalha foi dura, se não fosse D. Tedon vir de Paredes com alguns portugueses em auxílio de seu irmão junto ao rio Távora não teriam vencido os mouros. Diz a história que os portugueses mesmo a cavalo, a nado, no meio do rio fazia nos inimigos horrorosa carnificina. D. Tedon passou o rio e unido a seu irmão derrotou e pôs em fuga os mouros. Desta vitória tomaram os dois por apelido Távora e por armas um golfinho sobre as ondas e estas armas usaram seus descendentes até à extinção desta nobre família em 1759.
Segundo estudos feitos pelo Dr: Vitor Jorge e sua equipa de arqueólogos na Fraga d'Aia no abrigo de pinturas rupestres, ali descoberto em 1988, esta região já era habitada 2500 anos A.C.
Devia ter sido na Fraga d’Aia, Castelo Velho e Castelinhos, junto ao rio Távora que os primeiros humanos ali habitaram e deixaram suas marcas pintadas nas rochas, assim como alguns utensílios em barro e até a própria essência da tinta que os arqueólogos, nas suas pesquisas, conseguiram encontrar. Concerteza que haverá ali à volta muito mais para averiguar e estudar como foi ou teria sido a vida dos primeiros humanos que ali viveram.
Possuímos também um Berrão ou Porco de Pedra que foi encontrado no lugar do Tanque da Seara onde se encontra uma fonte muito antiga.
O Porco tem uma inscrição em ebraico que a sua tradução seria (Dos Ambrões) não se sabe ao certo mas dizem que foi um povo que no passado aqui viveu, outros dizem que tem ligação com a Porca de Murça apenas sabemos que deve ser dos monumentos mais antigos que esta terra possui.
Por aqui passaram vários povos com hábitos e costumes diferentes e cada um nos deixou um pouco deles próprios.
Encontram-se à volta de Paredes vestígios e ruínas dos sete castelos, castros ou fortalezas. Apenas há um que dizem ser solarengo, quase todos foram arrasados nas lutas entre cristãos e infiéis.
Diz a lenda que havia no Castelo Velho um Alcaide mouro que tinha por tradição receber todos os anos como tributo uma donzela que seria escolhida à sorte no povoado. Naquele ano coube a sorte à irmã de um rapaz ascendente da quinta dos Azevedos e descendente dos conquistadores de Paredes. Vestiu-se disfarçado de mulher e entrou no castelo e com um punhal que levara degolou o alcaide mouro e assim acabou com o macabro tributo e com o domínio Mauretano nesta vila e redondezas. Dizem que há documentos na Torre do Tombo em Lisboa que atestam este facto.
Ainda hoje se encontram guardadas no solar dos Azevedos as três chaves originais em ferro tomadas aos mouros pelos irmãos D. Tedon e D. Rauzendo, as ditas chaves já estiveram numa exposição na Bélgica.
Encontra-se também num muro por detrás do solar junto ao acipreste, o primeiro brasão da família Azevedos, dizem que o facto de se encontrar quase abandonado no dito muro, foi um fidalgo que casou com a herdeira do brasão e como ele era vaidoso retirou o brasão da esposa e colocou o dele. Há ainda a versão de o brasão ter vestígios dos Távoras e daí ter sido retirado.
Diz também a lenda que o valor e respeito da família daquele solar era tanto, que se alguém tivesse cometido algum delito bastaria tocar no batente do portão, que tem a forma de um cão em ferro, para que esse indivíduo ficasse à guarda e responsabilidade dessa família e já ninguém lhe tocava.
(Continua no próximo número)


Capela dos Santos Mártires

Praça Central

Anta de Areita

Vista geral





Sem comentários: