DESCOBERTAS NO PASSEIO PELA ALDEIA
Será que houve um Castelo em Sendim!?
(OUTUBRO DE 2001)
Visitar a “Antiga Vila de Sendim” é sempre uma
descoberta, porque, sem querer, o inesperado acontece-nos a qualquer momento. Ao
passear por ali, deparei com umas pedras aparentemente sem importância, que “jazem”
no muro de uma casa em frente à igreja Matriz. Fiquei surpreendido quando me
apercebi que entre elas estava urna “ameia”! De repente, recordei ter lido, numa
obra de Pinho Leal que naquele lugar existiu uma antiga mesquita e também uma
antiga torre. De onde viria esta ameia? Pensei... Terá Sendim tido mesmo uma
torre ou uma pequena fortaleza?! Terão servido as suas pedras para edificar as
construções ali existentes?!
Em Sendim,
segundo o povo, existe um lugar chamado Castelo. Situa-se junto à atual rua e
lugar da Amoreira.
Na entrada norte da Vila. Também, a nascente da Igreja, se
encontra uma pequena edificação de planta quadrangular parecendo uma antiga
torre. Note-se a antiguidade do aparelho que constitui esta construção,
idêntico a fortalezas da região. Também a
ameia encontrada é idêntica à usada nos castelos de Marialva ou de Trancoso,
povoações mesmo aqui ao lado.
O povo de
Sendim conta que junto à Igreja Matriz houve uma torre e que caiu num dia de vendaval.
No mesmo lugar, foi construída a atual torre campanária e as pedras, que
restaram, serviram para edificar o santuário do Senhor das Preces, a poucos
metros dali. Terá apenas restado da ruína dessa torre esta ameia?
Curiosamente,
este ano também caiu parte da torre sineira, mais propriamente, uma pedra que
segurava urna cruz iluminada. Essa cruz substitui, há alguns anos, um galo e os
pontos cardeais que rodavam naquele sitio com o vento.
Outro facto é que Sendim se implanta num morro granítico
e dali se vêem terras de muito longe, nomeadamente, a Serra da Estrela. Por
isso, só por si, este lugar é como uma fortaleza natural, já que o declive para
nascente e sul é muito íngreme. O que faz pensar que o mais provável será ter
existido ali uma ou duas torres de menagem, associadas aos cabeços que
constituem o relevo em que assenta o povoado.
Sem dúvida esta pedra tem uma importância grande como
marca da história da nossa terra. Juntamente com ela encontram-se outras pedras
trabalhadas formando um tosco muro que, em silêncio, guardou até hoje este
pequeno segredo. Agora, desperta-nos bastante interesse para se tornar uma jóia
do nosso Museu...
(Sendim, Verão de
2000)
Fernando Carlos Taveira Cardoso Teixeira
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