segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Será que houve um Castelo em Sendim!? - BOLETINS ANTIGOS - Bol. nº 7

DESCOBERTAS NO PASSEIO PELA ALDEIA

Será que houve um Castelo em Sendim!?
(OUTUBRO DE 2001)

    Visitar a “Antiga Vila de Sendim” é sempre uma descoberta, porque, sem querer, o inesperado acontece-nos a qualquer momento. Ao passear por ali, deparei com umas pedras aparentemente sem importância, que “jazem” no muro de uma casa em frente à igreja Matriz. Fiquei surpreendido quando me apercebi que entre elas estava urna “ameia”! De repente, recordei ter lido, numa obra de Pinho Leal que naquele lugar existiu uma antiga mesquita e também uma antiga torre. De onde viria esta ameia? Pensei... Terá Sendim tido mesmo uma torre ou uma pequena fortaleza?! Terão servido as suas pedras para edificar as construções ali existentes?!



         Em Sendim, segundo o povo, existe um lugar chamado Castelo. Situa-se junto à atual rua e lugar da Amoreira.
    Na entrada norte da Vila. Também, a nascente da Igreja, se encontra uma pequena edificação de planta quadran­gular parecendo uma antiga torre. Note-se a antiguidade do aparelho que constitui esta construção, idêntico a fortalezas da região. Também  a ameia encontrada é idêntica à usada nos castelos de Marialva ou de Trancoso, povoações mesmo aqui ao lado.



         O povo de Sendim conta que junto à Igreja Matriz houve uma torre e que caiu num dia de vendaval. No mesmo lugar, foi construída a atual torre campanária e as pedras, que restaram, serviram para edificar o santuário do Senhor das Preces, a poucos metros dali. Terá apenas restado da ruína dessa torre esta ameia?



         Curiosamente, este ano também caiu parte da torre sineira, mais propriamente, uma pedra que segurava urna cruz iluminada. Essa cruz substitui, há alguns anos, um galo e os pontos cardeais que rodavam naquele sitio com o vento.
    Outro facto é que Sendim se implan­ta num morro granítico e dali se vêem terras de muito longe, nomeadamente, a Serra da Estrela. Por isso, só por si, este lugar é como uma fortaleza natural, já que o declive para nascente e sul é muito íngreme. O que faz pensar que o mais provável será ter existido ali uma ou duas torres de menagem, associadas aos cabeços que constituem o relevo em que assenta o povoado.
    Sem dúvida esta pedra tem uma importância grande como marca da história da nossa terra. Juntamente com ela encontram-se outras pedras traba­lhadas formando um tosco muro que, em silêncio, guardou até hoje este pequeno segredo. Agora, desperta-nos bastante interesse para se tornar uma jóia do nosso Museu...
(Sendim, Verão de 2000)
Fernando Carlos Taveira Cardoso Teixeira


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