DESCOBERTAS NO PASSEIO PELA ALDEIA
Fernando Carlos Taveira Cardoso Teixeira
Casa de características medievais contendo Janela Manuelina
Rua do Areal - Aldeia
Quando percorremos
o lugar de Aldeia deparamo-nos com um sítio que espelha um património histórico
e arquitectónico cheio de surpresas. As ruas mais marcantes mantêm ainda alguma
vivência devido ao comércio ali existente. Refiro-me em particular à rua do Areal
onde existe uma típica taberna. Na rua em frente ao estabelecimento,
principalmente ao fim-de-semana, podemos encontrar um conjunto de pessoas,
sobretudo homens, entretidos em jogos ou conversas. Ali podemos escutar alguns
regionalismos na sua linguagem, a entoação, o olhar daquelas gentes e a sua
postura revela-nos caracteres que se mantêm nos mais antigos e tendem a
desaparecer nos mais novos.
Se prestamos
atenção, à nossa volta observam-se ruas e uma urbe relativamente densa de
construções em pedra implantadas em banda ao longo de antigos caminhos. Aquele
cenádo enquadra a acção dos jogos, palavras e uns copos de vinho à mistura
saboreados por aquelas gentes.
Percorrendo aquela
rua sentimos alguma imponência transmitida pelas casas que a ladeiam, quase
todas de dois pisos, em pedra com restos de cal agarrada às paredes e com telhados de telha de canudo
corada pelo tempo. Naquele momento apercebo-me que pelo tipo de um beirado,
pelo desenho de uma varanda em madeira, escada exterior, pelas grades em ferro
que protegem janelas e pelas robustas portas em madeira de castanho, se revelam
as características da sociedade que ali viveu. Seria gente de posses,
proprietários, que construíram na rua principal, ou comerciantes que se
instalaram para a venda dos seus produtos, ali deixando datas exibidas nas fachadas,
1649, 1683, 1715, 1779, mostrando-nos o tempo daquele lugar.
Janela Manuelina
existente na Rua do Areal - Aldeia
Mas, o mais surpreendente surge em frente à casa do
senhor Zé Gonçalves, refiro-me ao pormenor de uma pequena janela em cantaria de
arco, de características Manuelinas. Paro e recordo no fundo da minha memória:
- Passo a
passo, caminho no traçado da antiga estrada Romana; de certo essa via
condicionou a ocupação daquele espaço desde muito cedo. É prova disso as
características da habitação que contém aquela janela, francamente medievais.
Mais à frente, passando o lar da terceira idade, encontro no mesmo chão as
pedras do que resta de outra janela Manuelina, destruída para no seu lugar se fazer a entrada
de uma garagem. Que pena? Pensei... E sem dizer nada caminhei pela rua dos
Tornos de Arcos onde ao fundo se mantém ainda o que resta do
pavimento da dita estrada, destruída no final deste século, ficando apenas o
registo fotográfico que tirei a tempo de mostrar aos outros, aquilo que agora
só é memória...
Sendim, Verão de 1999
Fernando Carlos Taveira Cardoso Teixeira
Janela Manuelina demolida
ao fundo do Largo Prof. Serra
Sem comentários:
Enviar um comentário