O PATRIMÓNIO DA REGIÃO TEDO-TÁVORA
Convida-me gentilmente o Fernando
Cardoso Teixeira a escrever algumas palavras introdutórias, por isso
necessariamente genéricas, sobre o património da Região Tedo-Távora.
Ao pegar na
pena, a primeira reflexão que me ocorre é
esta: mas será necessário chamar a atenção de alguém, que por felicidade não seja cego
para um tão vasto rico manancial de beleza?!
A
palavra "património" deriva do latim "patrimonium", significando etimologicamente valores, bens, herança de família. O património
Tedo-Távora é pois constituído por tudo aquilo
que a Família humana do Tedo-Távora herdou, soube conservar e, por isso, felizmente ainda o possui: vistas amplas e
lindas, montes majestosos de orografia recortada, vales profundos
—
o que a
criação e a natureza ofertou. Depois aquilo que a obra humana, esforçada e
amorosamente, implantou ao longo dos séculos: vilas e aldeias, Igrejas,
Capelas, Conventos, solares, fontes,
pelourinhos e velhas pedras. Sólida arquitectura popular tradicional. Pitorescos caminhos rurais, alguns vindos
da romanidade que foram e são vias de lavouras, colheitas ceifas e vindimas...
Estradas sinuosas de belas vistas, sombreadas
por um arvoredo nobre e genuinamente português
—
castanheiros,
carvalhos, sobreiros, pinheiros, cerejeiras,
oliveiras... Formosos vinhedos aqui e além, manchas de cereal, matas
pomares e hortas. Lindos rios e ribeiros — e uma barragem que não tem que invejar qualquer outra nas suas
perspectivas, felizmente ainda protegidas e por isso impolutas.
Artesanato e
cultura popular tradicional, a que os mais
novos começam a estar atentos, a amar e desenvolver,
para não se deixar perder a memória dos povos
e aquilo que é belo.
Não esqueçamos:
o património natural, humano e
histórico conservado, acarinhado e
inteligentemente cuidado é o melhor elemento revelador para o visitante do "património humano" da região — isto é,
da sensibilidade e cultura das gentes que a habitam e da própria noção esclarecida que tem do que é a verdadeira
evolução e o autêntico progresso.
Embaixador
- José Manuel Borges Cornélio da Silva
Boletim ARTT nº1 - Abril de 1999
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