segunda-feira, 14 de novembro de 2011

BOLETINS ANTIGOS - Boletim nº 1 (continuação)


O PATRIMÓNIO DA REGIÃO TEDO-TÁVORA

Convida-me gentilmente o Fernando Cardoso Teixeira a escrever algumas palavras introdutórias, por isso necessariamente genéricas, sobre o património da Região Tedo-Távora.
Ao pegar na pena, a primeira reflexão que me ocorre é esta: mas será necessário chamar a atenção de alguém, que por felicidade não seja cego para um tão vasto rico manancial de beleza?!
A palavra "património" deriva do latim "patrimonium", significando etimologicamente valores, bens, herança de família. O património Tedo­-Távora é pois constituído por tudo aquilo que a Família humana do Tedo­-Távora herdou, soube conservar e, por isso, felizmente ainda o possui: vistas amplas e lindas, montes majestosos de orografia recortada, vales profundos o que a criação e a natureza ofertou. Depois aquilo que a obra humana, esforçada e amorosamente, implantou ao longo dos séculos: vilas e aldeias, Igrejas, Capelas, Conventos, solares, fontes, pelourinhos e velhas pedras. Sólida arquitectura popular tradicional. Pitorescos caminhos rurais, alguns vindos da romanidade que foram e são vias de lavouras, colheitas ceifas e vindimas... Estradas sinuosas de belas vistas, sombreadas por um arvoredo nobre e genuinamente português castanheiros, carvalhos, sobreiros, pinheiros, cerejeiras, oliveiras... Formosos vinhedos aqui e além, manchas de cereal, matas pomares e hortas. Lindos rios e ribeiros — e uma barragem que não tem que invejar qualquer outra nas suas perspectivas, felizmente ainda protegidas e por isso impolutas.
Artesanato e cultura popular tradicional, a que os mais novos começam a estar atentos, a amar e desenvolver, para não se deixar perder a memória dos povos e aquilo que é belo.
Não esqueçamos: o património natural, humano e histórico con­servado, acarinhado e inteligen­temente cuidado é o melhor elemento revelador para o visitante do "património humano" da região — isto é, da sensibilidade e cultura das gentes que a habitam e da própria noção esclarecida que tem do que é a verdadeira evolução e o autêntico progresso.

Embaixador - José Manuel Borges Cornélio da Silva


Boletim ARTT nº1 - Abril de 1999

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