Incorremos, demasiadas vezes, na tendência de analisarmos
histórias e situações que já se passaram à luz de referências actuais.
Atribuímos, assim, excessiva importância a certo evento ou, pelo contrário,
menosprezamos o papel determinante que tiveram. Raramente somos justos com o
seu real valor. As histórias de amor,
mesmo as verdadeiras, também seguem este derrame analítico. Consideramos a
nossa história de amor como a mais
sofrida e a mais bonita e, por já ter ocorrido num passado não mais disponível,
fantasiamos em torno dos pormenores que a vestiram e anulamos, veemente, a
possibilidade de essa história se repetir novamente. Pois bem, não é assim…
Pelo menos com as histórias de amor
verdadeiras… Estas não sofrem de tempo e ainda que se assumam de diferentes
formas aos olhos e corações de quem as vive, hoje ou no passado, elas
repetem-se assim na essência de ser. A vida é um eterno retorno e o amor jamais
coube somente no passado.
Lizete e Armando viveram uma história assim. Uma história de amor das verdadeiras… Vivem
ainda… Não foi desenhada a pincel, mas cravada na tela com muita persistência e
determinação. Só depois de alguns anos de insistência e muitas cartas escritas
e outras tantas imaginadas é que a história
de amor se assumiu plenamente. Os contornos começaram por ser difusos, mas
com a força de uma vontade extrema, tornaram-se precisos e perfeitos,
cristalizando numa vida partilhada há 42 anos.
Lizete contou a sua história
de amor verdadeira… Viveu-a, mais um pouquinho, dessa vez que a sujeitou aos
outros assim por meio de palavras e emoções. Nós que a ouvimos, libertámos essa
história do passado e sonhámos com uma assim também… Júlia Pinheiro, que a entrevistou e ouviu,
reconheceu a história de amor e deu-a
a conhecer, através do seu programa, a todos os que, num dia de Março,
estávamos ligados ao aparelho televisivo… Parabéns, Lizete, pela graça com que
contou a sua história de amor
verdadeira…
(Quantas histórias assim, das verdadeiras, se escondem por
detrás dos rostos das pessoas desta terra? Como gostaria de as ouvir… )
Carmen Cravo
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