terça-feira, 1 de novembro de 2011

Testamento do cabrito


Testamento do cabrito ou manda, para ser lida pelas crianças no desfile do Carnaval da escola, quando iam entregar o cabrito às professoras.



Meus senhores e senhoras
Digo sempre e tenho dito
Que não há vida mais curta
Do que a vida de um cabrito

Eu nasci com pouca sorte
Porque sei que vou morrer
Mas, antes que chegue  a morte
Vou meu testamento fazer

Quero dispor do que tenho
Com todo o amor e vontade
Antes que se aproxime a hora
De partir p,ra eternidade

Às meninas de Sendim
Para ficarem contentes
Como gostam de se rir 
Vou-lhes deixar os meus dentes

Aos rapazes de Sendim
Que são todos aprumados
Deixo o miolo das tripas
P'ra fazer os engraxados

Deixo os meus ricos miolos
Não é prenda de perder
Aos rapazes de Aldeia
Para aprenderem a ler

Às meninas de Aldeia
Quando estiverem reunidas
Deixo-lhes as tripas grossas
P'ra repartirem por ligas

Às raparigas de Paço
Que gostam de se enfeitar
Deixo-lhes as tripas finas
P'ra fazerem um colar

Deixo os meus lindos chifres
Que já estão a aparecer
A toda a rapaziada
Para penas de escrever

Deixo a minha linda pele
Macia como veludo
À velhota mais gaiteira
Para correr o Entrudo

Está o meu testamento feito
Já dispus de quanto tinha
A alegria é só vossa
A tristeza é só minha

Já me reparti por todos
De quem era muito amigo
Só a Senhora Professora
Se consolará comigo.

Autor: Sr. Claudino

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