Testamento
do cabrito ou manda, para ser lida pelas crianças no desfile do Carnaval da
escola, quando iam entregar o cabrito às professoras.
Meus senhores e senhoras
Digo sempre e tenho dito
Que não há vida mais curta
Do que a vida de um cabrito
Eu nasci com pouca sorte
Porque sei que vou morrer
Mas, antes que chegue a morte
Vou meu testamento fazer
Quero dispor do que tenho
Com todo o amor e vontade
Antes que se aproxime a hora
De partir p,ra eternidade
Às meninas de Sendim
Para ficarem contentes
Como gostam de se rir
Vou-lhes deixar os meus dentes
Aos rapazes de Sendim
Que são todos aprumados
Deixo o miolo das tripas
P'ra fazer os engraxados
Deixo os meus ricos miolos
Não é prenda de perder
Aos rapazes de Aldeia
Para aprenderem a ler
Às meninas de Aldeia
Quando estiverem reunidas
Deixo-lhes as tripas grossas
P'ra repartirem por ligas
Às raparigas de Paço
Que gostam de se enfeitar
Deixo-lhes as tripas finas
P'ra fazerem um colar
Deixo os meus lindos chifres
Que já estão a aparecer
A toda a rapaziada
Para penas de escrever
Deixo a minha linda pele
Macia como veludo
À velhota mais gaiteira
Para correr o Entrudo
Está o meu testamento feito
Já dispus de quanto tinha
A alegria é só vossa
A tristeza é só minha
Já me reparti por todos
De quem era muito amigo
Só a Senhora Professora
Se consolará comigo.
Autor: Sr.
Claudino
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